Jogadores disputam final da Taça apesar da falta de “condições psicológicas”

Futebolistas confirmam presença na final da Taça de Portugal contra o Desportivo das Aves, por respeito aos dois clubes e aos adeptos. No entanto, os jogadores que assinam o comunicado dizem não ter “condições anímicas e psicológicas” para retomar os treinos de imediato.

Bas Dost, Sporting CP, Portugal
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Veículo de luxo, Academia Sporting, Car
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Os jogadores do Sporting que esta quarta-feira assinaram um comunicado conjunto onde confirmam a sua presença na Final da Taça de Portugal, a disputar no Jamor, no próximo sábado, contra o Desportivo das Aves, dizem não ter “condições anímicas e psicológicas” para retomarem a sua actividade de imediato, recusando regressar aos treinos em Alcochete — palco dos graves incidentes de terça-feira, em que vários atletas e técnicos foram agredidos por elementos ligados a uma claque do próprio clube.

Os futebolistas que assinam o comunicado, como William Carvalho, Rui Patrício, Bruno Fernandes, João Palhinha, Marcus Wendel, Miguel Podence ou Fábio Coentrão, frisam a “enorme gravidade” do que aconteceu na Academia e afirmam que os factos “impõem uma reflexão séria, calma e racional, no que respeita às suas consequências e eventuais medidas a tomar por cada um, de acordo com os termos e prazos legais”. No entanto, “porque a final da Taça de Portugal é uma festa do futebol português” e por respeito aos colegas e ao Desportivo das Aves, os jogadores “honrarão a sua condição de profissionais” e marcarão presença no jogo de sábado.

Esta escolha foi feita “sem prejuízo das decisões que cada um tomará”, sublinha-se no documento, deixando em aberto a possibilidade de rescisão de contrato por parte dos jogadores que assinam o comunicado.

Na terça-feira, um grupo de 50 indivíduos, de cara tapada, invadiu a Academia do Sporting em Alcochete, onde os jogadores estavam a treinar, tendo agredido  Bas Dost, Acuña, Rui Patrício, William Carvalho, Battaglia e Misic, entre outros atletas e técnicos do clube.

A GNR chegou ao local pouco depois de o alerta ter sido dado pela direcção da Academia, tendo detido 23 pessoas. Participaram na operação de segurança mais de 100 militares.

De acordo com o especialista em Direito Laboral Luís Cassiano Neves, contactado pelo PÚBLICO, e apesar da inexistência de jurisprudência, este episódio de violência pode constituir razão suficiente para uma rescisão de contrato por justa causa da parte dos jogadores: “Trata-se de uma situação grave, existindo fundamento para que os jogadores temam pela sua segurança física e pela falta de condições para desenvolverem a sua prática profissional”. 

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