“Sócrates nunca se interessou pelo combate à corrupção”, lembra Cravinho

Ex-ministro socialista aponta o antigo primeiro-ministro como um dos principais bloqueios à legislação contra a corrupção que apresentou enquanto deputado. Quem esteve com Sócrates no Governo não tirou “quaisquer consequências políticas”.

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“Os comportamentos de Sócrates” não são “admissíveis”, diz João Cravinho Miguel Manso

“Sócrates, como primeiro-ministro e como líder político principal do PS, não se interessou pelo combate à corrupção”. A frase é de João Cravinho, antigo ministro e antigo deputado socialista, que, em entrevista à TSF nesta terça-feira, recorda a oposição que a legislação contra a corrupção que então apresentou sofreu, identificando José Sócrates como um dos seus principais bloqueios.

Na entrevista, Cravinho lembra ter uma “experiência directa flagrantíssima” disto mesmo quando o antigo primeiro-ministro foi uma das principais forças de bloqueio à legislação que então apresentou, enquanto deputado do PS. Sócrates “não quis que se aperfeiçoasse o sistema” que ainda hoje “anda sem rei nem roque”, acusa.

Esta experiência e “aquilo que já sabia do caso Sócrates” fizeram com que João Cravinho tivesse recusado um convite do então secretário-geral do PS para integrar a lista à Comissão Nacional do partido no último congresso em que Sócrates foi eleito, em 2011.

“Não estava de acordo com aquilo que estava a passar, não estava de acordo com o pensamento e atitude de José Sócrates em relação à corrupção”, recorda Cravinho. O seu posicionamento foi contrário ao que aconteceu com todos os que tinham então um lugar no Governo do PS, aponta o antigo ministro: “Quem estava no Governo, com certeza que se sentiu fortemente incomodado, mas essa questão do incómodo não teve depois quaisquer consequências políticas”.

Numa entrevista em que Sócrates é várias vezes tema, o antigo ministro socialista, que fez parte de um Governo liderado por António Guterres, defende que “os comportamentos de Sócrates” não são “admissíveis”. “Não recomendo que esse tipo de comportamento faça parte do perfil padrão neutro de um futuro primeiro-ministro”, diz.

João Cravinho aconselha o PS a anunciar durante o próximo congresso – no final do mês, na Batalha – que não deixará de fazer “um juízo político, juízo moral e ético sobre este tipo de comportamento e de quem neles está envolvido”.

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