Líder do PSD diz que Costa reconheceu que o país vive em austeridade

Rui Rio evidencia que “hoje os portugueses notam a austeridade no défice de recursos humanos que há em muitos serviços, particularmente no Serviço Nacional de Saúde”.

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O líder do PSD, Rui Rio, considera que o primeiro-ministro, António Costa, ao dizer que prefere usar as folgas orçamentais previstas no Programa de Estabilidade para contratar funcionários públicos, deixando eventuais aumentos salariais na função pública para “o momento próprio", está a fazer "uma confissão" de algo que os sociais-democratas há muito diziam:  "Estamos na mesma em austeridade”.

Aproveitando para capitalizar a posição do PSD, que tem denunciado a “falta de recursos humanos nos serviços públicos”, Rui Rio sublinha que as declarações deste domingo de António Costa ao Diário de Notícias acabam por reconhecer a situação para a qual o líder social-democrata tem alertado: "Não direi que estão todos, como é evidente, mas há muitos serviços carenciados de recursos humanos, particularmente na área da saúde. É isso que eu interpreto daquilo que o senhor primeiro-ministro disse”.

“Hoje os portugueses notam a austeridade no défice de recursos humanos que há em muitos serviços, particularmente no Serviço Nacional de Saúde", acrescentou o líder do PSD no final de uma visita a duas residências universitárias do Porto. Na entrevista ao DN, Costa admitiu que é necessário encontrar equilíbrios para o Orçamento do Estado (OE) de 2019 entre as várias posições, prometendo que continuarão a ser descongeladas as carreiras na função pública. E garantiu: "Vamos ter de conseguir um equilíbrio entre aquilo que é a recuperação de rendimentos, que vai ter de prosseguir para os funcionários como para todos os portugueses, e preencher muitas carências que há na administração".

Questionado a dizer o que faria diferente de Costa relativamente aos funcionários públicos, Rio disse que a opção “tem de ser o equilíbrio desses dois factores: repor os recursos humanos nos serviços, na medida em que eles são necessários; e, ao mesmo tempo, procurar dentro, daquilo que orçamentalmente for possível, conseguir repor o valor da inflação na erosão dos salários”.

O ex-presidente da Câmara do Porto foi ainda confrontado com a possibilidade de o país poder ter eleições legislativas antecipadas, caso o PCP e o BE não votem favoravelmente o OE para 2018 – Jerónimo de Sousa já avisou que não vai assinar “de cruz” e Catarina Martins adverte que o documento terá se ser discutido “sector a sector”, descartando responsabilidades.“O “PSD não vai entrar nesse esticar de corda, as legislaturas são para serem cumpridas até ao fim”, defendeu.

Notando que “é positivo, é sempre bom, que as legislaturas se cumpram na totalidade”, o ex-autarca do Porto diz que, se a "legislatura não for até ao fim, a culpa não é do PSD: o PSD é oposição, isso agora é um jogo entre o Partido Socialista, o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda, não tem muito a ver comigo”.

Quanto à falta de residências universitárias para estudantes bolseiros e investigadores, sobretudo nas cidades do Porto e de Lisboa, Rui Rio fala de um “problema social” com o qual se mostra preocupado. Declarando que a situação se agudizou “pela pressão que o turismo está a fazer sobre a habitação”, o dirigente do PSD defende que é preciso “encarar este problema e encontrar soluções”, que podem passar “desde dinheiro público, contratualização com privados e Parcerias Público-Privadas, inclusive”.

O PSD apresentou contributos ao projecto de lei do PCP sobre requalificação e construção de residências universitárias, que deu entrada no Parlamento em 23 de Março. O projecto já foi aprovado na generalidade, aguardando discussão na especialidade. A deputada comunista, Ana Mesquita, disse esta segunda-feira ao PÚBLICO que a proposta do PSD “vai no sentido contrário ao projecto de lei o PCP relativamente à responsabilidade do Estado nesta matéria” e afirmou ter dúvidas de que “haja consenso para que se chegue a um texto único”.

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