EDP diz que o valor oferecido pela China Three Gorges “é baixo”

Em comunicado, a eléctrica portuguesa diz que o “preço oferecido não reflecte adequadamente o valor da EDP”.

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Reuters/ELOY ALONSO

Os 3,26 euros por acção oferecidos pela China Three Gorges na oferta pública de aquisição (OPA) apresentada na semana passada são, para a EDP, um preço que “não reflecte adequadamente o valor” da empresa. A eléctrica portuguesa considera ainda que o “prémio implícito na oferta é baixo” em comparação com o que se verifica no mercado europeu. Esta é a primeira reacção da EDP à OPA da empresa chinesa, que actualmente detém 23,3% das acções da eléctrica, sendo a sua maior accionista.

Em comunicado enviado nesta terça-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a empresa informa que o conselho de administração executivo da eléctrica nacional deu início aos procedimentos internos relevantes e que irá pronunciar-se sobre os termos da oferta “em devido tempo”.

Na segunda-feira, a agência Bloomberg já tinha avançado que a EDP - Energias de Portugal estava a preparar-se para rejeitar a OPA alegando que o valor proposto é baixo. As acções da EDP alcançaram esta terça-feira o valor de 3,44 euros no fecho da negociação em bolsa, um aumento de 1,18%, quando na segunda-feira (primeiro dia após ser conhecida a intenção e o preço de compra da CTG) terem valorizado 9,32%. Já a EDP Renováveis valorizou 0,25%, fechando nos 8,07 euros - a oferta da CTG é de 7,33 euros por cada título da participada da EDP.

A empresa chinesa lançou na sexta-feira uma OPA voluntária sobre o capital da EDP, oferecendo uma contrapartida de 3,26 euros por cada acção, o que se traduz num prémio de 4,82% face ao valor de mercado e avalia a empresa em cerca de 11.900 milhões de euros. Para além disso, a oferta preliminar promete manter a sede da empresa em Portugal.

Esta OPA está sujeita às condições habituais das operações deste género: terá de conseguir a aprovação dos reguladores de todos os mercados onde está presente a EDP, como o norte-americano, brasileiro ou espanhol e ainda pela Comissão Europeia. 

A estas condições juntam-se dois outros factores decisivos: a alteração dos estatutos da empresa para remover os actuais limites dos direitos de voto, nos 25%; e a aceitação de 50% dos direitos de voto, mais um. Para além disso, há uma condição imposta pelo grupo chinês: a de que o Governo português não se oponha à operação. Na sexta-feira passada, António Costa já afirmou que "o Governo português não tem nada a opor" ao negócio. "O Governo não tem de ser informado; o Estado não tem nenhuma participação na empresa. Deixemos o mercado funcionar", afirmou o primeiro-ministro.

A China Three Gorges é detida a 100% pelo Governo chinês e directamente tutelada pelo Governo central através de um organismo conhecido como SASAC (State-owned Assets Supervision and Administration Commission). 

A OPA do grupo chinês à EDP surge numa altura em que a Europa e os EUA estão a bloquear vários negócios com empresas chinesas alegando motivos de segurança nacional. Ainda assim o Governo chinês afirma-se optimista, dizendo que não vê razões para que "terceiras partes" se oponham ao negócio: "Quando a cooperação é baseada no respeito mútuo, com benefícios e ganhos para ambos (...) não vejo razões para outras partes contestarem", afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Lu Kang, quando questionado pela Lusa sobre uma possível resistência dos reguladores ao negócio. com Lusa

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