Caixa Económica Montepio Geral revê lucros para 6,4 milhões de euros

“Não existem contas de Fevereiro e contas de Maio”, afirmou hoje Carlos Tavares, no dia em que a Caixa Económica Montepio Geral apresentou lucros de 2017 abaixo dos divulgados pelo anterior presidente executivo Félix Morgado, de 30,1 milhões de euros. “Só existem contas de Maio, contas auditadas, contas sem ênfases, sem reservas e certificadas", disse o presidente da CEMG

Foto
Fabio Augusto

Em 2017 a Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) registou um lucro 6,4 milhões de euros, abaixo dos 30,1 milhões divulgados em Fevereiro pela equipa de José Félix Morgado, que Carlos Tavares foi substituir em Março último. São, como anunciado hoje ao mercado, "menos 23,7 milhões de euros em relação ao valor do resultado líquido não auditado divulgado em 8 de fevereiro de 2018".

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Em 2017 a Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) registou um lucro 6,4 milhões de euros, abaixo dos 30,1 milhões divulgados em Fevereiro pela equipa de José Félix Morgado, que Carlos Tavares foi substituir em Março último. São, como anunciado hoje ao mercado, "menos 23,7 milhões de euros em relação ao valor do resultado líquido não auditado divulgado em 8 de fevereiro de 2018".

A revisão  dos lucros de 2017, foi confirmada esta tarde por Carlos Tavares, durante um encontro com a comunicação  social, que serviu para anunciar as contas do exercício passado.

O ex-presidente da CMVM garantiu que o banco Montepio não necessita de uma injecção de capital fresco e que os rácios de capital estão confortáveis. No final de Dezembro o rácio de capital total situava se em 13,3%.

As imparidades de crédito foram corrigidas em mais 22,7 milhões, passando de 138 milhões (o montante noticiado por Félix Morgado) para 160,7 milhões de euros.

"O ajustamento das imparidades foi definido em conjunto com os auditores, e resultam do impacto de algumas operações de crédito, sempre numa óptica de prudência", justificou Carlos Tavares.

Aos 22,7 milhões de acréscimo das imparidades de crédito, somam-se  7,8 milhões (estavam em 6,7 milhões) de imparidades para outros activos financeiros e 12,6 milhões (estavam em 11,7 milhões) para outros activos.

O rácio de crédito em risco passou de 15,2%, em 2016,  para 12,7%. O rácio de cobertura de crédito em risco subiu de 51, 6% para 57,9%.

Sobre a correcção das contas de 2017 divulgadas em Fevereiro, o actual presidente da CEMG explicitou que embora "a origem da revisão dos números seja da responsabilidade da anterior gestão [de Félix Morgado], o resultado final já é da nova comissão executiva [que lidera]". Clarificou mesmo que os números do banco "divulgados em Fevereiro não traduziam a realidade e, por isso, defendo que não existem contas de Fevereiro e contas de Maio. Só existem contas de Maio, contas auditadas, contas sem ênfases, sem reservas e certificadas." Em síntese: as contas apresentadas esta terça-feira.

“Retirar o nome Montepio do banco está fora de questão”, esclareceu Carlos Tavares no encontro com os jornalistas, adiantando que nunca, desde que está na CEMG,  o Banco de Portugal exigiu que o fizesse. Ainda assim, reconheceu que a designação CEMG é muito comprida e pode haver um ajustamento ao nome.

Adiantou que uma das prioridades definidas pela actual gestão é equilibrar "o balançoo da CEMG". Ou seja: "recuperar o crédito em risco, desinvestir e dar mais crédito a empresas e pequenos negócios e menos imobiliário".

Outro objectivo de Carlos Tavares é recuperar o banco de investimento da CEMG, que Félix Morgado se propunha descontinuar. E prefere chamar a esta instituição, um banco de empresas, que não se destine apenas a dar crédito indiscriminado, mas a prestar serviçoos e a ajudar os clientes/empresas a capitalizarem se para que possam crescer.

A pressão que existe no sentido de a banca portuguesa fechar balcões é, no entender de Carlos Tavares, um erro. E esse não é a intenção que o move, até porque hoje há mais idosos do que jovens e há muitos clientes da CEMG em várias regiões do país que não dispensam a ida aos balcões.

A CEMG vai continuar a colocar aos seus balcões produtos financeiros da AMMG, mas será dada formação aos colaboradores do banco, referiu Carlos Tavares. Mas ao contrário do que é prática no sector, estes trabalhadores não serão premiados (recompensados) por venderem os produtos da AMMG, a dona do banco.

O valor contabilístico da CEMG , auditado pela KPMG, é  de 1,67 mil milhões (a AMMG regista o banco por 1,87 mil milhões, em termos líquidos, valor bruto de 2, 4 mil milhões).