Fundação de Versalhes paga na totalidade o restauro do manto da rainha D. Amélia

Donativo de seis mil euros integra campanha pública de angariação de fundos. As restantes contribuições reunidas até aqui serão aplicadas no restauro de um retrato da rainha que pertence ao Museu dos Coches.

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D. Amélia fotografada com o manto, em 1901 DR

A Fundação de Versalhes vai pagar a totalidade do restauro do manto da rainha D. Amélia, exposto no antigo edifício do Museu Nacional dos Coches, em Lisboa, revelou fonte desta entidade à agência Lusa.

O donativo no valor de seis mil euros desta fundação com sede em Nova Iorque foi feito no âmbito de uma campanha pública de angariação de fundos para o restauro do manto, lançada no início deste ano.

Isabel Raposo de Magalhães, membro da direcção do Grupo de Amigos do Museu Nacional dos Coches (GAMNAC), explicou à Lusa que o afilhado da rainha D. Amélia, Duarte Pio de Bragança, "empenhou-se pessoalmente na campanha de mecenato promovida em prol do restauro do manto da rainha", tendo conseguido o apoio da Fundação de Versalhes, presidida por Barbara de Portago.

De acordo com a directora do Museu Nacional dos Coches, Silvana Bessone, existe a intenção de requalificar uma sala do Picadeiro Real para expor o manto, depois de restaurado, bem como outras peças. O objectivo é criar um núcleo dedicado à rainha D. Amélia, a quem se deve a preservação da coleção e a criação do actual Museu Nacional dos Coches.

Por outro lado, a direção do GAMNAC pretende destinar a totalidade do dinheiro entretanto angariado na campanha, de muitos doadores anónimos, para o restauro do quadro a óleo da rainha, pintado por Vittorio Matteo Corcos, em 1905, que se encontra na escadaria do museu.

A campanha tinha sido lançada porque o manto - classificado como bem de interesse nacional - se encontra "muito degradado", segundo fonte da entidade. Esta peça de vestuário foi oferecido pela cidade de Paris à rainha D. Amélia, por ocasião do seu casamento com o príncipe D. Carlos, futuro rei, em 1886.

O GAMNAC existe desde 2015 mas nunca teve actividade nem associados. Isabel Raposo de Magalhães, que é funcionária do museu e esteve muitos anos ligada à área da conservação e restauro, decidiu reactivá-lo, contando agora com 150 associados. Esta campanha é a primeira iniciativa do Grupo de Amigos.

O manto será restaurado na oficina de conservação do Museu dos Coches, com supervisão do Instituto José de Figueiredo, por se tratar de uma peça classificada.
Sobre o valor necessário, Isabel Raposo de Magalhães explicou que "os materiais envolvidos são caros, e qualquer intervenção em têxteis é muito demorada, além de que o manto é de grandes dimensões".

De corte em veludo rosa prateado, o manto é forrado de cetim da mesma cor e constituído por nove tiras de veludo unidas entre si longitudinalmente, de modo a formarem pequenas abas na extremidade superior e um leve estrangulamento a meia altura. Um delicado bordado contorna a peça, desenhando uma cercadura onde pontuam rosas, folhagem diversa e fino reticulado a ponto de fundo, segundo a descrição da peça no inventário do museu.

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