Novo atentado suicida em Surabaya faz pelo menos dez feridos

Pelo menos seis civis e quatro agentes da polícia ficaram feridos. No ataque terão sido utilizadas duas motas armadilhadas, conduzidas por membros de uma única família. A única sobrevivente foi uma criança de oito anos.

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As autoridades indonésias, depois do ataque de segunda-feira LUSA/FULLY HANDOKO

Pelo menos quatro civis e seis polícias ficaram feridos na sequência de um novo ataque à bomba em Surabaya, na Indonésia, registado pelas 8h50 (hora local, 4h50 em Lisboa) desta segunda-feira. Este novo ataque foi perpetrado por uma família de cinco pessoas, que se fizeram explodir junto da sede da polícia local. Os membros da família seguiam em duas motas armadilhadas e a única sobrevivente foi uma criança de oito anos.

Este novo ataque tem contornos semelhantes aos de domingo em três igrejas cristãs indonésias, executado por uma única família de bombistas-suicidas, que resultou em 13 mortos. Os três ataques foram reclamados pelo Daesh.

Sobre o ataque de segunda-feira, o chefe da polícia local, Tito Karnavian, confirmou que os adultos que seguiam nas duas motas morreram e que a única sobrevivente é uma criança de oito anos, que está actualmente a ser tratada num hospital, escreve a Reuters. As imagens transmitidas pela CCTV mostram a criança a deambular sozinha depois da explosão. Ainda não se conhece o balanço total de vítimas mortais, mas os primeiros balanços apontam para sete mortos, de acordo com o Guardian.

Diz o chefe da polícia que as imagens recuperadas dos vídeos de segurança ajudaram a reconstituir as circunstâncias do segundo ataque. As imagens mostram duas motas a aproximarem-se do posto de controlo da sede da polícia antes de se fazerem rebentar.

Ouvido pela Reuters, o perito em segurança e terrorismo Stanislaus Riyanta afirma que foi a primeira vez na Indonésia que se usaram crianças em missões suicidas: “O objectivo de usar uma família num ataque terrorista é não ser tão facilmente detectado pela polícia”, disse o analista de terrorismo Stanislaus Riyanta. Em termos de comunicação, usar uma família evita que se dependa da tecnologia, facilmente identificável, para comunicar.

Joko Widodo, Presidente indonésio, descreveu os ataques como “cobardes, indignos e inumanos”. “Não haverá nenhum impedimento à luta contra o terrorismo”, disse, citado pela BBC. O Presidente prometeu ainda passar uma nova lei anti-terrorismo, para combater de forma mais eficaz as novas redes de militantes do Estado Islâmico com expressão no país. As leis actuais de combate ao terrorismo não permitem deter suspeitos. A partir de segunda-feira, a polícia e forças militares estarão a trabalhar em conjunto para aumentar a segurança em todo o país.

As autoridades crêem que os últimos ataques foram postos em marcha por uma célula local inspirada pelo Estado Islâmico, chamada Jemaah Ansharut Daulah (JAD). A JAD estaria alegadamente a responder a um pedido do Estado Islâmico na Síria, que incitava à “mobilização de todas as células por todo o mundo”. Outro dos motivos apontados por Karnavian para a mobilização foi a prisão do líder do JAD, Aman Abdurrahman. Essa detenção foi o desencadeador de desacatos numa prisão em Jacarta, que resultaram na morte de cinco agentes anti-terrorismo, escreve a Reuters.  

Noutro incidente, desta vez na cidade de Sidoarjo, a sul de Surabaya, a polícia descobriu várias bombas na canalização de um apartamento prontas a explodir. Nesse mesmo local, horas antes, uma bomba matou três membros de uma família. Pelo menos 25 pessoas morreram desde domingo em ataques à bomba, incluindo 13 militantes suspeitos, informou o chefe da polícia.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou os ataques suicidas em três igrejas de Surabaya, na Indonésia, deste domingo. Num comunicado emitido pelo porta-voz, Stéphane Dujarric, Guterres disse "estar chocado" com o uso de crianças nas acções, depois das autoridades da Indonésia terem afirmado que os atacantes eram todos da mesma família e entre eles estavam crianças e adolescentes.

O secretário-geral da ONU enviou uma mensagem de condolência às famílias das vítimas mortais e desejou uma recuperação rápida aos feridos.

António Guterres reiterou ainda o “apoio das Nações Unidas ao Governo e ao povo da Indonésia nos esforços para combater e prevenir o terrorismo e o extremismo violento, que incluem a promoção do pluralismo, da moderação e da tolerância”.

Os ataques de domingo são os mais mortíferos na Indonésia desde os atentados de 2005 em Bali, nos quais morreram 20 pessoas e mais de 100 ficaram feridas.

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