Eleitores mais populistas confiam menos nos media

Além da menor confiança nas notícias, os europeus mais populistas tendem a atacar os órgãos de informação.

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As conclusões são apresentadas numa investigação a oito países europeus Joana Goncalves

Os europeus com opiniões mais populistas tendem a confiar menos nos media. A conclusão é de um estudo conduzido pela Pew Research Center, publicado nesta segunda-feira, que olhou para Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Holanda, Espanha, Suécia e Reino Unido. Em todos, a conclusão foi transversal. Todos aqueles que têm visões mais populistas valorizam menos o papel dos media. Da mesma forma, são eles quem critica negativamente a cobertura mediática feita em relação à imigração, à economia e ao crime.

Diz ainda o mesmo estudo que França, Espanha e Itália são países onde as pessoas mais atacam os media, onde nem um quarto das pessoas afirma confiar nas notícias. Já aqueles com opiniões menos populistas tendem confiar mais.

As conclusões apontam ainda que na maioria dos países, as pessoas com visões mais populistas tendem a obter as suas informações através das redes sociais — a larga maioria através do Facebook — e que um terço dos adultos não repara na fonte da notícia que está a ler. Os números são mais preocupantes em França, Holanda e Reino Unido.

Em Espanha, na Alemanha e na Suécia, a confiança pública nos media divide-se ainda entre a esquerda e a direita políticas. Por exemplo, na Alemanha, apenas 47% dos populistas confiam nos media tradicionais. Já entre aqueles com visões menos populistas, o número sobe para aproximadamente 80%. Regra geral, este cenário de confiança repete-se mais no Norte da Europa e na Alemanha, onde 64% dos inquiridos afirma confiar nos media nacionais. No Reino Unido e em Itália os números caem para metade, 32% e 29%, respectivamente.

Além das diferenças detectadas de país, o estudo revela ainda contrastes regionais no mesmo país. “Na Europa Ocidental, a opinião pública em relação aos media é mais influenciada pela sua visão populista do que quando alguém se identifica mais politicamente com a esquerda ou a direita”, defendem os investigadores.

O conceito de populismo assenta na visão de que o governo deve reflectir “a vontade do povo”, protegendo “o povo” das “elites”, como dois grupos opostos. Nascido na Escandinávia, nos anos 1970, o populismo europeu defendia a ideia de que era preciso "recuperar o controlo", em resposta à globalização. Agora, são as palavras "crise migratória" que mais são usadas pelos dirigentes europeus e que têm ajudado ao crescimento de partidos populistas e xenófobos.

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