E se os pastores-alemães pudessem andar na Carris?

PAN diz que há "discriminação" para com animais de grande porte e pede à Carris e ao Governo que alterem as regras de transporte.

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Fabio Augusto

Em Lisboa, ir ao veterinário com um pastor-alemão, um labrador, um lobo-da-alsácia ou até mesmo um cocker pode ser um desafio para quem não tenha carro próprio. No metro até é possível transportar cães grandes, desde que açaimados e com trela curta, mas a Carris exige aos passageiros que os animais andem dentro de contentores. “Seria muito difícil levar um cão de grande porte num contentor”, comenta Inês Sousa Real, deputada do PAN à Assembleia Municipal de Lisboa, onde esta terça-feira vai defender uma recomendação para que a Carris mude as regras e deixe entrar os animais de médio e grande porte nos autocarros e eléctricos.

Por animais de médio e grande porte entende-se apenas cães e gatos, sublinha Inês Real, que não quer abrir a porta ao transporte de cavalos ou vacas. “É recorrente a ocorrência de situações em que os munícipes se queixam de não poderem deslocar-se de autocarro com os seus animais”, relata a deputada, que já foi provedora dos animais da capital. “Acaba por haver uma discriminação para com as pessoas com animais de grande porte.”

Inês Real dá o exemplo de alguém que tenha de se deslocar ao veterinário, mas a recomendação refere também os “momentos de lazer” e “socialização” para argumentar que “há uma crescente necessidade dos utentes se fazerem acompanhar pelos seus animais de companhia em transportes públicos”. O documento diz ainda que “os animais de companhia assumem cada vez mais um maior relevo na nossa sociedade” e por tudo isto, acrescenta a deputada ao PÚBLICO, “não faz sentido que não se permita o transporte deste tipo de animais”.

Tanto mais quando “há uma discrepância” entre as posturas da Carris, do metro e da CP, aponta a eleita do PAN, referindo a necessidade de ter uma visão concertada para os transportes da região de Lisboa também neste aspecto. E há ainda outra coisa que espanta os deputados do PAN: “Por extraordinário que pareça, é permitido pela Carris o transporte de bicicletas, considerado um objecto volumoso, mas não é permitido o acesso de um animal de companhia de médio ou grande porte.”

O PAN propõe que as regras da Carris sejam alteradas ou que a câmara de Lisboa pressione o Governo para mudar a portaria que regula o acesso de animais aos transportes. Na recomendação sugere-se ainda “a isenção ou a redução do pagamento de bilhete em razão das condições socioeconómicas dos seus detentores e do porte do animal”.

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