Pagamentos por débito directo cresceram 16% em 2017

Relatório dos Sistemas de Pagamentos mostra que uso de cheques continua a cair, mas as compras online pagas com cartão ainda são reduzidas.

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Pagamentos por contactless, ou aproximação do cartão, ainda são pouco expressivos DR

Os pagamentos de retalho aumentaram 8% em 2017, em número e em valor, atingindo 417 mil milhões de euros. Os meios de pagamento electrónicos continuam a ganhar terreno, e neste domínio, os débitos directos foram o instrumento que mais cresceu em Portugal, a aumentar 12,1% em número e 16% em valor.

De acordo com o Relatório dos Sistemas de Pagamentos, divulgado nesta segunda-feira pelo Banco de Portugal (BdP), as transferências a crédito aumentaram 8,2% em número e 10,9% em valor e as operações realizadas pelo Multibanco também cresceram 8% em quantidade e 8,5% nos montantes.

As compras online com cartão continuaram a ter um peso pouco expressivo em Portugal, representando apenas 3,9% do número e 5,9% do valor total de compras realizadas em 2017. Também nas compras presenciais, apenas 1,6% do número e 0,6% do valor processados corresponderam a operações realizadas com recurso a tecnologia de leitura por aproximação do cartão de pagamento (tecnologia contactless). Para o BdP estes números “evidenciam que existe uma margem de progressão significativa na adopção de soluções inovadoras nos pagamentos de retalho”.

As operações processadas pela rede Multibanco continuaram a representar 86% do número e 27,6% do montante total de pagamentos de retalho excluindo o numerário. Dos 2185 milhões de operações efectuadas pelo Multibanco, 49,5% foram compras, 20,1% levantamentos e 19,8% operações de baixo valor.

No final do ano, estavam registados na rede Multibanco 14,6 milhões de cartões de débito (mais 4,1% do que em 2016) e seis milhões de cartões de crédito (mais 0,5%).

Em sentido descente está a utilização de cheques, que apesar de ainda terem representado 13,1% dos montantes processados, diminuíram 11,6% em número e 5,8% em valor. Segundo o relatório, “o número de cheques devolvidos também diminuiu, 12,2%, bem como as entidades registadas na listagem de utilizadores de cheque que oferecem risco, que representaram 13% (17.263 entidades a 31 de Dezembro).

Banca instantânea está quase a chegar

Os meios de pagamento vão mudar substancialmente dentro de alguns meses. As alterações estão associadas à transposição desta Directiva de Serviços de Pagamento revista (PSD 2, na sigla em inglês), que já está no Parlamento, e que, segundo o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, “está em fase de conclusão”.

A directiva, que deveria ter entrado em vigor no início do ano, vem permitir a actuação de novos tipos de prestadores de serviços de pagamento, externos aos bancos, e a realização de transferências imediatas, 24 horas por dia e 365 dias por ano. O sistema deverá entrar em funcionamento no segundo trimestre de 2018.

Carlos Costa, na abertura da conferência do Fórum para os Sistemas de Pagamentos, realizada esta segunda-feira em Lisboa, lembra que a directiva estabelece “um conjunto de requisitos de segurança reforçados para os serviços de pagamento fornecidos por via electrónica, designadamente a exigência de mecanismos de autenticação forte”.

O Governador mostra-se ainda confiante que “Portugal será, como é habitual no domínio dos sistemas de pagamento, exemplar na adopção desta nova solução”.

O BdP tem disponível no seu site uma infografia com as principais alterações introduzidas pela PSD 2.

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