São festivais, senhoras e senhores, são festivais

A Porta, em Leiria; Impulso, nas Caldas da Rainha; Basqueiral, em Santa Maria de Lamas. Três festivais que querem marcar o território que ocupam, três mostras da vitalidade criativa do nosso presente musical.

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Os Paus irão ao primeiro Festival Impulso, nas Caldas da Rainha Tomás Brice

Lembram-se dos tempos em que festivais de Verão eram novidade e em que se contavam pelos dedos das mãos os que havia por cá? Tempos longínquos esses, muito, muito distantes desta realidade em que os contamos às centenas, espalhados por todo o país. Lembram-se daqueles tempos em que se ouvia um disco de uma banda cá da terra e, muito mais vezes do que o desejável, surgia da boca de alguém aquele comentário condescendente, “para português, não está mal”. Tempos longínquos esses, muito, muito distantes desta realidade fervilhante, de uma criatividade ímpar, que é a actual.

Não surpreende, portanto, que as duas realidades se reúnam e que surjam de Norte a Sul festivais que fazem das suas vilas e cidades palco privilegiado para acolher a diversidade da música criada em Portugal. A Porta, em Leiria, o Festival Impulso, nas Caldas da Rainha, e o Basqueiral, em Santa Maria de Lamas, são três exemplos. Primavera a fazer-se Verão, ei-los que chegam.

O A Porta caminha para a sua quarta edição e ocupará as ruas e salas do centro histórico de Leiria de 16 a 24 de Junho. Ecléctico, transgeracional e transdisciplinar, dividir-se-á entre lojas históricas e lojas novas, salas nobres como o Teatro José Lúcio da Silva ou o verde do Parque do Avião. Haverá exposições, jantares temáticos em casas privadas, arte urbana e, claro, no centro de tudo, música. Em cartaz estão os Dead Combo acabados de editar Odeon Hotel e o histórico Bonga. Estão as melodias pop dos Nice Weather For Ducks, a jogar em casa, o rock instrumental, e caleidoscópico, dos Memória de Peixe, a revelação Conan Osiris ou os sempre insaciáveis The Parkinsons. Como nomes mais recentes em cartaz, surgem os lisboetas Urso Bardo e Primeira Dama e, vindo de Berlim, o regressado Emperor X, cantautor lo-fi americano cuja passagem mais recente por Portugal o levou aos Açores, para o festival Tremor de 2015.

Antes do A Porta, já este mês, de 23 a 25 de Maio, as Caldas da Rainha acolherão o primeiro Festival Impulso. Nascido no seio da Escola Superior de Artes e Design da cidade, foi criado no âmbito do 15.º aniversário da Licenciatura em Som e Imagem da instituição e montou um cartaz que vemos como verdadeiro mapa da criação musical portuguesa contemporânea. Apresentando em paralelo exposições de fotografia, cinema e videomapping, o Impulso terá como base o Centro da Juventude das Caldas da Rainha. Pelo palco passarão os Paus, continuando a apresentação do celebrado Madeira, Filho da Mãe, guitarrista que acaba de editar o seu quarto álbum de originais a solo, Água-Má, o hip-hop inspirado de Mike El Nite e de Nerve, o rock’n’roll de Vaiapraia & As Rainhas do Baile e dos Cave Story (que actuarão na cidade em que nasceram), as viagens cósmicas dos Gala Drop e de Jibóia ou o festim rítmico de DJ Firmeza & Puto Anderson.

O mesmo acontecerá mais a Norte e um par de semanas depois, em Santa Maria das Lamas. Dias 15 e 16 de Junho, a vila monta novo Basqueiral, ou seja mostrará rock’n’roll (e não só), nas suas mais diversas expressões, às diferentes gerações que a habitam e aos forasteiros atraídos pelo cartaz e pela descoberta da localidade do distrito de Aveiro (ou pelo preço low-cost do passe geral, fixado em dez euros). Stone Dead e Scúru Fitchadu, que percorrem neste momento o país, integrados na terceira digressão Super Nova (que também inclui os Sunflowers), The Dirty Coal Train, o belíssimo combo punk’n’roll que editou recentemente Portuguese Freak Show, First Breath After Coma, 10 000 Russos, Fugly, Iguana Garcia, O Gajo ou Killimanjaro são alguns dos nomes em cartaz. Integrando-se na própria malha urbana da vila, o festival terá como cenário os Jardins do Parque, a Igreja e o Museu de Santa Maria de Lamas.

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