O mar já chegou ao Rei dos Leitões

O famoso restaurante da Mealhada tem novidades de Primavera, que incluem sabores marinhos e da horta.

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Carabineiro com abóbora, rabanete e manjericão DR

Na política, a última moda é dizer-se que o diabo está nos pormenores, mas no caso do Rei dos Leitões é exactamente ao contrário. É nos pormenores que se revela a pujança e capacidade deste restaurante. Nascido na berma da estrada e para servir leitão já em meados do século passado, o Rei reivindica agora um lugar no trono da restauração nacional. Por mérito próprio e sem sair do lugar onde nasceu.

E com o raro mérito de conjugar uma cozinha depurada e elaborada com o lado rústico de sempre, os produtos locais e de tradição com o que há de mais raro e sofisticado. E num crescendo que nos últimos tempos transformou este restaurante da Mealhada num dos mais interessantes destinos gastronómicos do panorama nacional.

A prová-lo aí estão as novidades de Primavera, com os sabores marinhos e produtos de eleição lado a lado com o típico e tradicional leitão. É o mar a chegar à Mealhada, com rodovalho,  robalo, carabineiros, percebes ou lingueirão, em combinações ousadas e subtis, mas sempre com o fundo rústico dos produtos locais que evocam memórias e de tradições de toda a vida.

E o que acaba por surpreender é que no Rei há sempre algo de novidade com produtos e pormenores — lá está — que fazem a diferença. Nos pescados, o abastecimento diário é garantido a partir das lotas de Olhão, Peniche e Figueira da Foz; mas também nos produtos hortícolas tudo é impecavelmente fresco e intenso.

Eis que chegou, finalmente, a Primavera e o Rei propõe agora uma ementa que passa, nas entradas, pela frescura das percebes e salicórnia com caviar; vieiras com ouriços do mar e abacate; e carabineiro com abóbora, rabanete e manjericão. Nos “peixes do mar” o bacalhau de sempre traz fava e coentros como companhia, enquanto o rodovalho se alinha com lingueirão e hortelã da ribeira, e o robalo com cherovia, agrião e rúcula.

Nas carnes, o leitão, claro, é sempre o símbolo do reinado, mas pode acompanhar agora com trufa e cenoura. Ao cabrito junta-se a broa e maçã Bravo de Esmolfe, e ao pato foie gras, cenoura e baunilha.

Uma espécie de milagre que é estar à beira da estrada, na Mealhada e longe dos grandes centros, mas com produtos dos mais raros e sofisticados. E sempre frescos! Um milagre que é apenas competência, mas cuja parte mais interessante será o facto de apresentar um conceito que é uma combinação rara entre a cozinha rústica e elaborada, a elegância e informalidade.

Com última novidade — e mais um upgrade — a junção de uma chef pasteleira à equipa de cozinha. Há que provar a versão fresca (com lima kafir) do tradicional Morgado do Bussaco (chapeau à Latina, que recuperou a receita), mas há bem mais.

Cada vez mais sofisticado e acolhedor, o Rei dos Leitões tem ainda o atractivo extra de oferecer uma das mais pujantes, diversificadas e acessíveis garrafeiras do país. E com um serviço perfeitamente à altura. Bem-vinda Primavera.

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