Ex-mulher de Weinstein quebra silêncio sobre caso de assédio sexual

Georgina Chapman, que esteve casada com Harvey Weinstein, disse nunca ter suspeitado do ex-marido. Nas palavras da designer, o produtor era “um parceiro maravilhoso, um amigo, um confidente e um apoio.”

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Georgina Chapman, ao lado do ex-marido Harvey Weinstein Reuters/Mike Blake

Georgina Chapman, designer e ex-mulher de Harvey Weinstein, falou pela primeira vez sobre o escândalo de assédio sexual que envolve o produtor. Numa entrevista à Vogue norte-americana, Chapman confessou que nunca suspeitou do ex-marido até que as primeiras acusações se tornaram públicas.

“Não, nunca”, responde Georgina Chapman, peremptória, quando questionada se alguma vez desconfiou de Harvey Weinstein. Sete meses depois de o escândalo ter rebentado, a dona da marca de luxo Marchesa falou pela primeira vez sobre as acusações de assédio sexual ao produtor de Hollywood. “Eu vivia aquilo que achava ser um casamento muito feliz. Adorava a minha vida”, desabafou a designer.

Chapman, 42 anos, revelou que se sentiu “humilhada e despedaçada” quando as primeiras notícias sobre o caso começaram a surgir. Actualmente a ser acompanhada por um psicólogo, a designer admite que ainda não é fácil lidar com a situação: “Ainda está tudo muito cru. No outro dia estava a subir um lanço de escadas e parei; foi como se todo o ar tivesse abandonado os meus pulmões”, relata.

“Havia uma parte de mim que era terrivelmente ingénua – claramente tão ingénua. Tenho momentos de raiva, momentos de confusão, momentos de incredulidade! E há momentos em que apenas choro pelos meus filhos. Como vão ser as vidas deles?... O que é que as pessoas lhes vão dizer?... Quero dizer, eles amam o pai deles”, disse Chapman, que tem dois filhos com Weinstein, um com cinco anos e outro com sete.

No artigo, publicado na edição de Junho da revista Vogue, é relatado o momento em que a entrevista tem de ser interrompida porque Chapman estava a “chorar tanto” que se tornou “impossível” para o jornalista Jonathan van Meter presenciar o sofrimento.

A designer contou também que quando tomou conhecimento das acusações levou dois dias a compreender por completo a situação. Perdeu dez quilogramas em cinco dias. “Não conseguia manter comida no estômago”, explica. “A minha cabeça estava a girar. E foi muito difícil porque o primeiro artigo dizia respeito a uma situação que aconteceu muito antes de o conhecer, então houve ali um momento em que não consegui tomar uma decisão informada”, recorda. Foi quando as histórias se começaram a multiplicar que percebeu que tinha de se afastar e “afastar os miúdos”.

Weinstein era “um parceiro maravilhoso”, avaliou Chapman, acrecentando que o ex-marido era “um amigo, um confidente e um apoio”. “Sim, tem uma personalidade expansiva… mas… não sei. Quem me dera ter as respostas. Mas não tenho.”

Esta entrevista foi publicada dois dias depois de Scarlett Johansson ter usado uma criação da marca Marchesa na passadeira vermelha da gala Met. Algumas actrizes, como Jessica Chastain, revelaram que Weinstein as pressionava a usar a marca nas promoções dos seus filmes.

A designer admitiu, na entrevista à Vogue, que a ausência da marca nas passadeiras vermelhas ao longo deste ano foi uma escolha consciente, e que apesar de tudo recebeu vários pedidos de celebridades que queriam usar as suas peças. “Não achei que fosse apropriado, dada a situação”, explica. “Não quero ser vista como uma vítima”, disse. “Porque não me vejo nesse papel. Sou uma mulher numa situação de merda, mas não sou a única.”

Chapman casou-se com Weinstein em 2007, e anunciou que o ia deixar apenas dias depois das primeiras histórias de assédio sexual se terem tornado conhecidas, em 2017.

O produtor nega todas as acusações de acusações de “sexo não-consensual”.

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