CDS quer pôr classe média lisboeta a viver nos antigos hospitais

Vereadores centristas dizem que o anunciado fecho de cinco hospitais na colina de Santana é "uma oportunidade única" para criar habitação a preços acessíveis.

Foto
O Hospital dos Capuchos é um dos que vai ser desactivado totalmente NUNO FERREIRA SANTOS

Já imaginou morar nos prédios que hoje são os hospitais de São José, Santa Marta e Capuchos ou naqueles que foram os hospitais Miguel Bombarda e Desterro? É o que sugere o CDS, que leva esta quinta-feira à câmara de Lisboa uma proposta para que estes cinco edifícios da colina de Santana sejam transformados em casas, que depois se possam arrendar a preços acessíveis.

A equação dos centristas é simples: uma vez que Miguel Bombarda e Desterro estão já desactivados e que os outros três hospitais vão fechar ou ficar sem grande parte dos serviços que têm hoje com a abertura de um novo hospital em Chelas, cria-se “uma oportunidade única para intervir de forma integrada e sistemática sobre esta zona da cidade”. E a oportunidade não deve passar, diz o vereador João Gonçalves Pereira, sem que se contribua para a resolução do problema de habitação que afecta a classe média lisboeta.

“O CDS fica estupefacto quando o Governo, o PS e os partidos da ‘geringonça’ querem avançar para a requisição de imóveis particulares quando o Estado tem património para usar”, afirma o eleito, que esta quinta vai também levar o debate ao Parlamento. “Antes de se pensar em ir ao património privado, o Estado tem que esgotar o seu património, pô-lo ao serviço dos cidadãos”, acrescenta.

Todos os hospitais da colina de Santana pertencem à Estamo, a imobiliária do Estado a quem o próprio Estado vendeu os edifícios (pelos quais paga renda). Por isso, a moção do CDS apresentada na autarquia prevê que esta assine um protocolo com a Estamo “com vista à reabilitação e reconversão dos edifícios hospitalares desocupados e a desocupar” e “à sua posterior afectação a um programa de arrendamento habitacional a preços moderados”. Além disso, propõe-se que esse protocolo contemple a existência de escolas e cuidados de saúde.

O partido acredita que isto “permitirá uma diversidade na ocupação do centro urbano da cidade e a manutenção da vida de bairro, que alimenta economia local”, bem como “contribuirá para a reabilitação e regeneração das zonas mais degradadas da cidade”.

Para já, pouco se sabe do futuro da colina de Santana para lá de 2022, quando está prevista a inauguração do novo Hospital de Lisboa Oriental. Parece estar afastada a ideia de demolir grande parte dos equipamentos hospitalares para fazer construção nova, mas a utilização a dar aos edifícios ainda é uma relativa incógnita. O Ministério da Saúde garante que alguns hospitais vão continuar a prestar cuidados, embora numa versão mais reduzida, o que tem originado divergências entre os partidos com assento na câmara e na assembleia municipal.

Na reunião camarária, o CDS vai ainda apresentar outra proposta que visa fazer um protocolo semelhante com a Santa Casa da Misericórdia, “que é o segundo maior proprietário da cidade”, lembra João Gonçalves Pereira. O presidente da câmara, Fernando Medina, já disse mais do que uma vez que está a negociar para que as casas desta instituição integrem o Programa de Renda Acessível (PRA), lançado pela autarquia.

Sugerir correcção
Ler 6 comentários