2017, o ano em que até o desemprego de longa duração começou a cair

Banco de Portugal destaca início de uma tendência de redução mais acelerada do número de pessoas desempregadas há mais de dois anos registada durante o ano passado.

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Desemprego de longa duração ainda está a um nível elevado em Portugal Rita Franca

Num ano em que a economia surpreendeu pela positiva, a taxa de desemprego foi mesmo o indicador económico que obrigou às maiores revisões nas previsões. O motivo: a redução bastante mais forte do que em anos anteriores do desemprego de muito longa duração.

Como assinala o Banco de Portugal esta quinta-feira no boletim económico em que analisa a evolução da economia portuguesa em 2017, mais de dois terços da redução do número de desempregados registada em Portugal no ano passado ocorreu por via da diminuição do número de desempregados que se encontravam nessa situação há mais de dois anos.

Este fenómeno não tinha ocorrido de forma tão acentuada nos anos anteriores, assistindo-se mesmo a uma preocupante persistência do desemprego de longo prazo, depois da forte subida registada em 2011, 2012 e 2013 principalmente. Mas em 2017 o cenário mudou, contribuindo de forma decisiva para que a taxa de desemprego caísse de 10,5% no final de 2016 para 8,1% no final de 2017 e forçando entidades como o Banco de Portugal, o FMI, a Comissão Europeia e mesmo o Governo a rever em baixa as suas estimativas para este indicador.

“Depois de ter registado um aumento significativo no período de 2011 a 2013, a incidência do desemprego de muito longa duração manteve-se elevada até ao primeiro trimestre de 2017, apesar da trajectória de queda do desemprego total iniciada em meados de 2013”, assinala o Banco de Portugal que calcula que a duração mediana do desemprego subiu até ao final de 2013, situando-se nessa altura nos 23 meses.

A partir desse momento, contudo, houve uma mudança de cenário, tendo o desemprego de muito longa duração caído 28,5% durante o ano de 2017, contribuindo em 13,2 pontos percentuais para a queda de 19,2% que se registou no desemprego total.

O Banco de Portugal explica que este início da redução do desemprego de longa duração (que é habitualmente considerado o mais preocupante pelos efeitos negativos que têm ao nível da pobreza e do risco de exclusão social nos afectados e na redução do crescimento potencial de toda a economia) é o resultado, por um lado, da diminuição do número de pessoas que passa do desemprego de média duração para o desemprego de muito longa duração (mais de dois anos) e por outro do aumento do número de pessoas que consegue transitar para o emprego ou que acaba por ir para a inactividade (por aposentação).

Entre os desempregados de longa duração, regista-se uma percentagem menor de pessoas com idade abaixo dos 35 anos e uma percentagem maior de pessoas sem escolaridade ou com escolaridade ao nível do ensino básico.

No primeiro trimestre deste ano, revelaram os dados publicados esta quarta-feira pelo INE, confirma-se a mesma tendência. Da diminuição total de 114 mil desempregados em termos homólogos, 88 mil estavam desempregados há mais de um ano.

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