Câmara manda fechar pensão com muro em risco de derrocada junto ao Castelo

Muro já tinha sido sinalizado pela autarquia, em Novembro, após uma vistoria técnica que detectou “grandes deformações, diversas fissuras e fendas profundas de grande extensão”.

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Depois do desabamento, no ano passado, na Rua Damasceno Monteiro, estas situações de risco têm merecido maior atenção Nuno Ferreira Santos
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A câmara de Lisboa mandou encerrar uma pensão, a escassos metros do Castelo de São Jorge, à qual pertence um muro que a autarquia considerou estar em risco de derrocada. A decisão foi tomada na sexta-feira, depois de os serviços camarários terem voltado a fazer uma avaliação da situação e concluído que o espaço não reunia as condições de segurança para a permanência dos hóspedes.

Já em Novembro, uma vistoria técnica realizada pelo município tinha detectado "grandes deformações, diversas fissuras e fendas profundas de grande extensão" no muro da Pensão Ninho das Águias, que fica voltado para a rua Costa do Castelo.

Questionada pelo PÚBLICO, a câmara de Lisboa referiu que, após essa vistoria, a pensão foi informada “de que deveria fazer obras de estabilização e consolidação do muro de suporte de terras”. No entanto, esses trabalhos não chegaram a acontecer e os alertas dos moradores da zona, temendo que o muro possa desabar para a rua, continuaram. 

O PÚBLICO foi esta terça-feira até à Pensão Ninho das Águias, onde um papel improvisado onde se lê “Encerrado/Closed” confirma a decisão da autarquia de encerrar o espaço. Foram já colocadas barreiras metálicas, de modo a criar um perímetro de segurança junto ao muro. 

Na segunda e terça-feira, segundo contou um trabalhador de uma obra num prédio vizinho, alguns turistas têm tocado à campainha, ficando surpreendidos por encontrar o espaço fechado. O PÚBLICO tentou contactar a proprietária da pensão, mas até ao momento, tal não foi possível. 

Ainda na semana passada, o grupo municipal do partido ecologista Os Verdes questionou a autarquia sobre o risco de colapso do muro, que a câmara já identificara como tendo fissuras e deformações “de grande extensão”, que podem pôr “em causa a segurança de pessoas e de bens”.

Os deputados consideravam ainda que a situação requere “uma intervenção urgente, nomeadamente ao nível da remoção da vegetação, cujas raízes estarão a contribuir para uma maior degradação da estrutura do muro”.

Face às questões levantadas, a autarquia adiantou ainda, na sexta-feira, que além da nova avaliação da situação do muro feita pelos serviços camarários e de ter sido dada a indicação aos hóspedes para desocuparem a pensão, foi ainda promovida uma reunião com a proprietária do edifício e do muro para aferir sobre o arranque das obras. 

Já esta terça-feira, o PÚBLICO encontrou no local uma equipa de técnicos do município, que considerou que a intervenção no muro deverá ser feita “rapidamente”, sem contudo avançar uma data para o início dos trabalhos.

A pensão está instalada num edifício de 1885, que funcionou até 1958 como uma casa particular. Foi depois transformada numa residencial, com 16 quartos, que hoje dá pelo nome de The Keep. Da torre mais alta da casa, que fica paredes meias com a muralha do Castelo de São Jorge, tem-se uma vida desafogada por Lisboa, do velho Rossio, às Amoreiras e ao Tejo.

O receio de um desabamento como o que aconteceu, no ano passado, na Rua Damasceno Monteiro, poderá levar a autarquia a avançar rapidamente com as obras de estabilização do muro. O PÚBLICO questionou a autarquia sobre os timings da intervenção durante a tarde de terça-feira, mas não foi ainda possível obter uma resposta. 

No final de Fevereiro do ano passado, um muro do condomínio Vila da Graça, no bairro Estrela d'Oiro, ruiu de madrugada, provocando um deslizamento de terras para as traseiras de quatro edifícios da Rua Damasceno Monteiro, na Graça. Na altura, a câmara disse que o muro era propriedade do condomínio, mas assumiu a execução das obras na área afectada pelo aluimento de terras, assim como o realojamento dos moradores dos prédios afectados, enquanto os trabalhos decorreram. 

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