"Na minha pele" alerta para os problemas das famílias e das crianças com cancro

Exposição vai estar na Assembleia da República, em Lisboa, até Junho. Depois seguirá para o Porto.

,
Fotogaleria
Miguel Pereira
,
Fotogaleria
Miguel Pereira
,
Fotogaleria
Miguel Pereira
Olho, Óculos, Fotografia, Retrato
Fotogaleria
Miguel Pereira

Algumas parecem felizes, outras revelam rostos mais sérios e há quem os esconda. As fotografias são 20, porque 20 são as famílias com filhos com cancro, no princípio, entre tratamentos, ou com recaídas. Todas foram pintadas pela artista Dora Fontana, da Mundo Encantado, e captadas pela lente de Miguel Pereira. A exposição "Na minha pele, manifesto pelos direitos em oncologia pediátrica" é inaugurada nesta quarta-feira, na Assembleia da República, em Lisboa, onde ficará até 1 de Junho.

A ideia foi de um grupo de pais cujos filhos estão a ser ou já foram tratados no Hospital de São João e no IPO do Porto, conta Antonieta Reis, do núcleo Norte da Acreditar - Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro. Os pais precisavam do apoio da Acreditar e da Liga Portuguesa contra o Cancro, continua. "Achámos o projecto delicioso, podia ser uma forma de continuarmos o trabalho que já tínhamos começado de sensibilização no que toca aos direitos das famílias", explica.

É preciso alterar a legislação com vista a minimizar o impacto do cancro infantil nos doentes e na família, sublinha Antonieta Reis, dando alguns exemplos das dificuldades com que os pais se deparam quando um filho adoece: a família, ou parte dela, pode precisar de mudar de cidade para aquela onde a criança fica internada ou em tratamento. Por vezes, um dos progenitores perde o emprego; as baixas por assistência podem ser insuficientes para fazer face às despesas. Além disso, só um dos pais é que pode pedir licença de acompanhamento. Sem esquecer o factor económico, pois esta é uma doença que fica cara às famílias, Antonieta Reis lembra ainda que a lei prevê um limite de quatro anos de baixa remunerada para o cuidador, um tempo que, caso haja uma recaída, se torna insuficiente. "Pedimos que se reveja a lei e, em caso de recaída, que o tempo passe a contar do zero", sublinha.

A proposta de fazer esta exposição no Parlamento tem como intuito alertar quem tem o poder para mudar a ordem das coisas. "Apresentámos o projecto à Assembleia da República que, de imediato, o achou interessantíssimo", conta Antonieta Reis.

Segundo a Acreditar, anualmente são diagnosticados cerca de 400 novos casos de cancro infantil, em Portugal. É a principal causa de morte, por doença, na infância, com tratamentos muito prolongados e impacto imediato e disruptivo na família, diz a associação em comunicado.

Cada fotografia da criança ou jovem com a sua família tem uma legenda com um testemunho. "Todos dão a cara por eles e pelas outras famílias, a nível nacional" que passam por situações semelhantes, conta a responsável. Por exemplo, um pai testemunha que o seu filho teve "sérias dificuldades em regressar à escola" porque a professora "achava que ele era preguiçoso por levar mais tempo a terminar os exercícios".

Além das 20 fotografias podem ainda ser vistas três telas onde estão plasmadas as reivindicações das famílias. 

Sugerir correcção
Comentar