As taxas de juro dos tradicionais depósitos a prazo estão em níveis reduzidos, o que explica, em parte, que os portugueses tenham perto de 50 mil milhões de euros em depósitos à ordem, sem qualquer remuneração. Apesar de baixas, há depósitos com taxas de juro mais atractivas, mas conhecê-los exige alguma pesquisa e conhecimento dos bancos a operar no mercado nacional. A pensar nisso, o comparaJá.pt, uma plataforma online gratuita, acaba de lançar um comparador com as 121 ofertas de depósitos existentes no sector bancário.

O comparador gratuito de depósitos a prazo, lançado esta terça-feira, permite mostrar - através de vários filtros, como o prazo, o montante, ou o mínimo de subscrição - as várias ofertas existentes, de acordo com o perfil de cada aforrador. A ferramenta, a primeira do género, permite ainda simular o retorno dos diferentes depósitos a prazo de acordo com o montante de subscrição e de reforço mensal, quando for aplicável. É possível aceder à ficha de informação normalizada (FIN), que contém todas as características da aplicação e é ainda possível fazer a subscrição online de depósitos, o que, a acontecer, gera receitas para a plataforma.

Por enquanto, o comparador tem apenas a oferta de depósitos a prazo tradicionais, “mas a expectativa é alargá-lo, brevemente, a outros produtos relacionados, como os depósitos a prazo indexados e em moeda estrangeira, para além das contas-poupança e dos planos de poupança reforma (PPR)”, avançou ao PÚBLICO Sérgio Pereira, co-fundador do comparaJá.pt. 

Aquela plataforma já faz a comparação de custos de vários serviços bancários, como de crédito à habitação, ao consumo e  de cartões de crédito, e de telecomunicações. Nos planos da plataforma, segundo Sérgio Pereira, estão comparadores para a área da energia e do seguro automóvel.

Nos depósitos a prazo, onde os portugueses tinham aplicado 92 mil milhões de euros em 2017, a informação recolhida e disponibilizada pela plataforma mostra, por exemplo, que os de longo prazo são mais rentáveis do que os de curto prazo, que habitualmente estão disponíveis apenas para novos clientes.

A plataforma calcula que se os portugueses aplicassem os 47.135 milhões de euros que têm em contas à ordem em depósitos a 12 meses, à taxa média líquida actual, que se situa em 0,324%, teriam uma rentabilidade de 153 milhões de euros neste ano.

Os melhores e os piores depósitos

Do levantamento da oferta de taxas de juro realizada pela plataforma online é possível verificar que entre os bancos que oferecem depósitos a prazo com as taxas mais competitivas do mercado – taxa anual nominal bruta (TANB) de 1% ou superior – encontram-se apenas ofertas digitais, nomeadamente do BIG, do Banco Best, do Banco Invest, do Banco Privado Atlântico, do BNI Europa, do Banco Português de Gestão, do Finantia e do Banco Carregosa.

Entre os bancos que oferecem depósitos com as taxas mais baixas do mercado -  TANB de 0,15% ou menos - encontram-se as maiores instituições do mercado português (todos bancos tradicionais): Santander, Novo Banco, BPI, Millennium BCP, a CGD, o Banco CTT e outros.

A TANB média dos depósitos a prazo é de 0,48%, existindo apenas três com rentabilidade igual ou superior a 1,5%, e há dois sem qualquer remuneração. Com rentabilidade acima de 1% e até 1,5% existem 18 produtos. Perto de metade das ofertas têm uma TANB superior a 0,1% e inferior a 0,5%, mas há 20 ofertas até 0,1%.

Actualmente, os depósitos com prazo mais longo, como igual ou superior a quatro anos, são os mais rentáveis (TANB média de 0,82%). Depois seguem-se os produtos com prazos de um a três meses (TANB média de 0,7%) e de 12 a 18 meses (TANB média de 0,66%).

Um número considerável de depósitos tem limitações de acesso, como a de serem exclusivos para novos clientes, e são habitualmente os mais competitivos, representando 9% da oferta actual. Outros (7%) são exclusivos para novos recursos (para clientes que tragam dinheiro novo) e uma fatia de 41% é exclusiva para clientes particulares, não estando disponíveis para empresas.

Cerca de metade dos depósitos a prazo é renovável e 55% implica apenas a perda parcial dos juros obtidos em caso de mobilização antecipada.

A aplicação de poupanças exige algumas cautelas. É importante saber se o capital  investido está garantido ou se, pelo contrário, há risco de perda de parte ou de todo esse valor. A diversificação de aplicações e de instituições financeiras é igualmente importante, até porque a garantia  de capital, dada pelo Fundo de Garantia dos Depósitos, está limitada a 100 mil euros, por cada titular da aplicação.