Triunfo normal do PSG, derrota heróica do Les Herbiers

Milionários parisienses conquistam Taça de França com triunfo pouco espectacular por 2-0 sobre o seu mais que digno adversário da terceira divisão.

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Cavani marcou o penálti que deu o 2-0 ao PSG LUSA/YOAN VALAT

Todos os anos, mais de oito mil equipas participam na Taça de França, a mais inclusiva de todas as competições do futebol profissional e que vai para lá do hexágono, com equipas de territórios ultramarinos sob administração francesa, como a Martinica ou a Nova Caledónia. São 13 meses de eliminatórias, que começam antes da final da época anterior, para apurar os dois finalistas. E a final desta época emparelhou, naturalmente, duas equipas do mesmo país, mas que não podiam ser de mundos mais diferentes, o milionário PSG, campeão de França, contra o semi-amador Les Herbiers, da terceira divisão e a lutar para não descer à quarta.

Não houve surpresas no Stade de France. Ganharam os parisienses por 2-0, mas os 15 mil adeptos que viajaram 400 quilómetros da pequena localidade na costa atlântica até à capital francesa não se terão sentido nada envergonhados pelo que a sua equipa fez. Antes pelo contrário, Unai Emery, que está de saída, deve ter gostado pouco do que viu, uma equipa que dominou sem esmagar e que, a partir de metade do jogo, pareceu displicente, a dar o triunfo por adquirido e a viver de iniciativas individuais. Uma vitória por estes números, e dada a diferença entre as duas equipas, envergonha mais quem ganhou.

Não se esperava um jogo equilibrado e, na verdade, não foi. Se bem que, logo na primeira jogada, foi o Herbiers a avançar com perigo pelo flanco esquerdo e a conseguir um remate não muito perigoso para a baliza de Kevin Trapp. Depois, o jogo mudou rapidamente de direcção, e passou a ser um duelo de Cavani, Mbappé e companhia contra o heróico guarda-redes Matthieu Pichot (e os sólidos postes da sua baliza), os voluntariosos defesas (basicamente, toda a equipa) do Les Herbiers, apoiada em Saint Denis por quase toda a gente da vila.

A equipa do terceiro escalão aguentou 26 minutos contra uma equipa que já marcou 108 golos esta época na Liga francesa. O PSG acertou três vezes no poste antes de fazer balançar nas redes. Foi o jovem argentino Giovanni Lo Celso a inaugurar o marcador aos 26’, com um remate de fora da área, já que na grande área não havia muito espaço. Neymar, a recuperar de uma lesão, estava na bancada a ver a sua equipa a fazer os mínimos, mas não mais que isso.

Na segunda parte, aos 50’, Mbappé meteu a bola na baliza, mas o árbitro anulou, por braço na bola de Marquinhos, uma decisão que enervou bastante os jogadores do PSG. O segundo golo acabaria por surgir, porém, aos 74’. O guardião Pichot derrubou Cavani na área e, na conversão do penálti, o uruguaio fez o segundo, com o guarda-redes do Les Herbiers a adivinhar o lado e a tocar na bola. A margem para a surpresa ficava reduzida quase a zero, mas a equipa da terceira divisão, já com pouca força nas pernas, não deixou de lutar e ainda ensaiou um par de contra-ataques que poderiam dar-lhe um prémio merecido, o golo.

Acabou o jogo, taça para o PSG, a 15.ª (quarta consecutiva), e o pleno das competições nacionais para uma das equipas mais ricas da Europa. Quanto ao Les Herbiers, que tem mais 50 anos de existência que o PSG, mereceu ter a vila inteira a apoiá-lo em Paris, mas rapidamente terá de voltar à realidade e à luta pela manutenção na terceira divisão e com um orçamento de dois milhões de euros, 0,4 por cento do orçamento do PSG e que daria para pagar 16 dias do ordenado de Neymar. Mas mostrou que o sonho é sempre legítimo e esta Taça de França é uma prova onde os sonhos acontecem, e na qual já várias equipas da segunda divisão ganharam aos teóricos favoritos da primeira.

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