Ministro do Ambiente anuncia que recomeçaram trabalhos para retirar lamas do Tejo

O governante, que falava à margem da inauguração da obra de minimização do risco a Norte da praia do Magoito, em Sintra, confessou ter "uma enorme dificuldade em perceber aqueles que querem que o Tejo esteja poluído".

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Nuno Alexandre Mendes

O ministro do Ambiente revelou nesta segunda-feira que "recomeçaram os trabalhos" para retirar resíduos poluentes no Tejo, com uma resolução fundamentada em resposta à providência cautelar da associação ambientalista Zero para impedir o seu depósito num terreno em área protegida.

"Nós já fizemos a resolução fundamentada de interesse público, ela foi entregue na sexta-feira no tribunal e, portanto, hoje mesmo recomeçaram os trabalhos. É absolutamente fundamental nós tirarmos aqueles 30.000 metros cúbicos de poluição que estão no fundo do rio", afirmou João Matos Fernandes.

O governante, que falava à margem da inauguração da obra de minimização do risco a Norte da praia do Magoito, em Sintra, confessou ter "uma enorme dificuldade em perceber aqueles que querem que o Tejo esteja poluído".

"A nossa posição é clara, queremos que o Tejo esteja despoluído. Neste momento a qualidade da água é boa, mas sabemos que a todo o momento ela pode piorar, tal como piorou no dia 24 de Janeiro, e piorar é até um eufemismo", salientou João Pedro Matos Fernandes, assegurando que os sedimentos depositados no rio vão ser retirados.

A associação ambientalista Zero anunciou, em comunicado, que em 26 de Abril deu entrada no Supremo Tribunal Administrativo uma providência cautelar que visa travar a deposição dos resíduos que vão ser removidos do fundo do Tejo num terreno inserido numa área protegida das Portas de Ródão.

A associação justificou o recurso judicial por considerar que "não foram devidamente estudadas alternativas de localização exteriores à área protegida, nomeadamente, os terrenos industriais da empresa Celtejo".

Para a Zero, a operação implica a realização de acções interditas na área protegida do monumento natural das Portas de Ródão, como a alteração da topografia do terreno, a destruição de vegetação e a deposição de resíduos e a descarga de efluentes.

O ministro do Ambiente, que já tinha criticado a posição da Zero, reiterou nesta segunda-feira que lhe custa aceitar aqueles argumentos invocados por entidades com responsabilidades "na formação da opinião das pessoas" e assegurou que "os trabalhos vão certamente continuar".

"É da maior urgência retirar os sedimentos que estão ali, são matéria orgânica, não tem nenhuma perigosidade, mas sendo matéria orgânica a única coisa que fazem é consumir oxigénio, [e] esse oxigénio é fundamental para que exista vida no Tejo", frisou Matos Fernandes.

O ministro estimou anteriormente que a limpeza do fundo do rio Tejo, com a remoção de lamas, deverá iniciar-se na primeira semana de Junho, assegurando que "não vão ser depositados" resíduos na bacia do rio.

Os cerca de 30.000 metros cúbicos de lamas, segundo resultados de uma prospecção da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), depositadas no troço Vila Velha de Ródão-Belver, serão retirados depois de instalada uma bacia de retenção, devidamente coberta por telas impermeabilizantes, num estaleiro a criar num terreno situado nas Portas de Ródão, do qual o Governo tomou posse administrativa.

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