Hospital estreia cirurgia indolor para tratar cancro do pulmão

Médicos usaram sistema semelhante ao GPS com imagens 3D para chegar até ao tumor e destruí-lo com injecção de microondas. Não foi feita qualquer incisão.

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A tecnologia pioneira usada pelo St. Bartholomew’s Hospital implicou um investimento de 164 mil euros

Uma mulher de 65 anos tornou-se na primeira paciente a ser operada a um cancro de pulmão através de uma cirurgia não invasiva e pioneira que destruiu as células cancerosas, noticia esta segunda-feira o The Times. Sem qualquer incisão na pele, dor ou desconforto, Anna Szot-Czetowicz foi operada num dia de Fevereiro no St. Bartholomew’s Hospital, em Londres e, no dia seguinte, completamente recuperada, recebeu alta e foi para casa.

Segundo o jornal britânico, a equipa médica usou uma tecnologia inovadora semelhante ao GPS — a broncoscopia por navegação — para conseguir obter imagens 3D e chegar ao pulmão através de um cateter inserido pela boca de Anna Szot-Czetowicz. Já no pulmão, sem recurso a bisturi ou sequer necessidade de perfurar o órgão, o cirurgião injectou uma dose controlada de microondas que fez explodir o tumor. As filmagens mostram uma explosão “pouco diferente do que seria um ataque de um míssil num jogo de computador”, descreve o jornal.

“Se não estivesse no hospital, nem diria que fui operada”, afirmou a mulher, citada pelo The Times. A equipa médica liderada pelo especialista em cirurgia cardiotoráxica Kelvin Lau referiu-se à operação como “uma nova era” no tratamento de doentes com cancros de pulmão que eram, até à data, considerados incuráveis. “Um em cada cinco pacientes com cancros potencialmente tratáveis não estão em condições de submeter-se à cirurgia convencional de extracção do tumor ou à radioterapia, mas agora podemos tratá-los com recurso à broncoscopia por navegação”, sublinhou Kevin Lau.

O St. Bartholomew’s foi o primeiro hospital europeu a usar esta tecnologia, que custou 145 mil libras (aproximadamente 164 mil euros), financiados pela Barts Charity, uma organização britânica sem fins lucrativos de apoio a cuidados de saúde na região de Londres.

Os exames regulares de controlo realizados por Anna Szot-Czetowicz desde a cirurgia não detectaram a presença de quaisquer células cancerosas. “Física e psicologicamente sinto-me fantástica”, disse a mulher. “Estou surpreendida por ter sido a primeira, mas fico feliz por saber que, por minha causa, agora podem operar outras pessoas e ajudá-las também”, acrescentou.

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