Três em cada quatro norte-americanos continuam fiéis ao Facebook

Três quartos dos utilizadores afirmam estar tão ou mais activos na rede social desde que rebentou o escândalo que envolvia a empresa Cambridge Analytica. Sondagem revela que cerca de 25% afirmam ter deixado de usar a conta.

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Mark Zuckerberg, fundador do Facebook Reuters/Stephen Lam

Em Março, ficou a saber-se que os dados de mais de 87 milhões de utilizadores do Facebook foram usados pela consultora Cambridge Analytica para acções de propaganda política. Em Maio, o Facebook afirma não ter registado uma quebra no número de utilizadores nos EUA – número que até chegou a subir. E os utilizadores que já estavam inscritos afirmam que continuam tão ou mais activos do que antes de se terem conhecido os contornos da falha de privacidade do Facebook. As conclusões são de uma sondagem do Instituto Reuters e da Ipsos e foram conhecidas neste domingo.

De acordo com a sondagem, à qual responderam 1938 utilizadores do Facebook, três quartos dos utilizadores afirmam estar tão ou mais activos na rede social desde que rebentou o escândalo que envolvia a empresa Cambridge Analytica, que recolheu a informação de milhões de utilizadores do Facebook sem o seu consentimento.

Desde Março que a empresa de Zuckerberg se bate com a pressão dos reguladores norte-americanos, defensores da privacidade online e accionistas, numa verdadeira crise de relações públicas sem precedentes. Mas mostram os números que a maioria dos utilizadores reafirmou a sua lealdade para com a rede social. Metade dos utilizadores norte-americanos disse não ter deixado a rede social nem mudado os hábitos de utilização à Reuters/Ipsos: o tempo que gastam a fazer scroll na rede social manteve-se. Um quarto afirmou que estava a usar a rede social ainda com mais frequência. Só o quarto de utilizadores restantes admitiu ter deixado de usar o Facebook ou apagado a conta.

Dos inquiridos, 64% disseram usar a rede social pelo menos uma vez por dia. No início de Março, antes de estalar o escândalo, o número era pouco mais alto: 68%.

De acordo com a mesma sondagem, a maior parte dos utilizadores do Facebook afirmou saber como proteger a sua informação pessoal no site. Mais de 70% dos utilizadores do Facebook dizem conhecer o estado das suas definições de privacidade e mais de 70% disseram saber como alterá-las. Números expressivos, especialmente quando comparados aos 60% dos utilizadores do Instagram que conhecem as suas definições de privacidade e aos 65% que disseram saber mudá-las. No Twitter o número é ainda mais baixo: apenas 55% dos utilizadores da rede de micro-blogging disseram saber quais são as suas definições de privacidade e 58% sabem como mudá-las.

No Facebook, apesar do conhecimento aparente sobre as definições de privacidade, apenas 23% afirmaram ter “controlo total” sobre a informação que partilham na plataforma. A maioria (49%) afirma ter apenas “algum controlo”, 20% afirmam não ter nenhum controlo e 9% não souberam responder à questão.

As contas da empresa mostram um cenário positivo. Analisando o primeiro semestre do ano, a empresa de Mark Zuckerberg registou um aumento de dois milhões de utilizadores nos EUA e no Canadá. No final de Dezembro de 2017 eram 239 milhões, no fim de Março a rede social já somava 241 milhões de utilizadores nos dois países. Os dados do segundo semestre ainda não são conhecidos, mas vários analistas temem que o impacto da cobertura mediática negativa sobre o caso se repercuta no número de utilizadores, escreve a BBC.

Os lucros, por enquanto, continuam no verde: no primeiro semestre a empresa de Zuckerberg conseguiu lucros de 4,9 mil milhões de dólares – mais do que os três mil milhões de dólares do ano passado.

Ouvido pela Reuters, o analista Michael Pachter, da Wedbush Securities, disse que o Facebook teve “sorte” porque os dados foram usados apenas para propaganda política e não para propósitos mais nefastos. “Ainda não li um artigo que dê conta de uma única pessoa que tenha sido afectada pela falha”, disse. “Ninguém ficou enraivecido a um nível visceral”.

O Facebook não quis comentar os resultados da sondagem. No rescaldo do caso Cambridge Analytica, os executivos pediram desculpa pela falha e prometeram investigá-la. Entretanto, reduziram a quantidade de dados pessoais disponíveis para quem desenvolve aplicações para a rede social e estão a criar ferramentas para que os utilizadores tenham mais controlo sobre as empresas com as quais partilham informação pessoal.

A sondagem da Reuters/ Ipsos contou com as respostas de 2194 adultos norte-americanos, sendo que 1938 eram utilizadores do Facebook, 1167 do Twitter e 1237 do Instagram.

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