Para João Sousa não há nada melhor do que ganhar em casa

O português, que nunca tinha ultrapassado o seu encontro de estreia no Estoril Open, fez história ao tornar-se no primeiro tenista nacional a vencer o único torneio do circuito ATP que se realiza em Portugal.

Fotogaleria
O tenista a segurar o troféu do torneio LUSA/JOSE SENA GOULAO

Talvez nem nos seus melhores sonhos João Sousa teria imaginado que o terceiro torneio ATP que iria vencer na sua carreira seria o Estoril Open, o único que se disputa em solo português. Aos 29 anos, e depois de ter ganho duas das nove finais em que participou (Kuala Lumpur (2013) e Valência (2015) Sousa juntou um terceiro título, ao derrotar, neste domingo, o norte-americano Frances Tiafoe por dois sets a zero, com um duplo 6-4.

“Não há palavras para descrever esta emoção. Foi um sonho tornado realidade, sempre quis vencer aqui em Portugal. É incrível todo o esforço, durante tantos anos... É uma vitória de todos nós, de todos os portugueses, de todos os que aqui estiveram. Obrigado pelo apoio e pelo carinho”, disse minutos depois de se ter atirado para o chão de pó de tijolo do court a chorar de felicidade e ovacionado de pé pelas cerca de três mil pessoas que encheram as bancadas.

Pouco depois, cantou-se o hino nacional antes de, pela primeira vez na história do Estoril Open — a recente e a anterior, que remonta a 1990 e incluiu ainda dois anos em que a prova se designou Portugal Open — ser um português a receber o troféu de vencedor. Até ontem, só Frederico Gil (quando, em 2010, jogou a final do “anterior” Estoril Open) tinha estado perto de vencer a competição.No encontro decisivo, Sousa (68.º do mundo) não deu hipóteses a Frances Tiafoe (64.º) que na primeira ronda do torneio tinha salvo três match points frente ao compatriota Tennys Sandgren e que chegou à final do Estoril Open eliminando o campeão em título, Pablo Carreño Busta. Eram sinais que este norte-americano de 19 anos, membro da NextGen — torneio sob a égide do ATP e que junta os melhores tenistas sub-21 da temporada — tinha qualidade.

Com uma entrada de rompante, João Sousa conquistou o primeiro break logo ao terceiro jogo e nem quando Tiafoe respondeu à quebra de serviço Sousa se amedrontou. O português reconquistou de imediato nova diferença no marcador e, pouco depois, ganhou o parcial.

Com a vitória um pouco mais perto, Sousa iniciou o segundo set evidenciando a mesma determinação e quebrou o serviço do seu adversário logo ao primeiro jogo. E ao terceiro. Rapidamente tinha do seu lado uma vantagem de 5-1. Diferença mais do que suficiente para que a quebra de serviço que Frances Tiafoe ainda conseguiu fosse inofensiva.

Foto
O Presidente da República deslocou-se ao balneário para felicitar o tenista Rui Ochoa — Presidência da República Portuguesa

Pouco depois João Sousa tornou-se o herói deste ano do Estoril Open, assegurando um triunfo justíssimo e que fica bem patente quando se analisa o percurso do tenista português até ao final: nas quatro eliminatórias anteriores tinha derrotado três tenistas com ranking superior ao seu (Daniil Medvedev, Kyle Edmund e Stefanos Tsitsipas), tal como fez no encontro decisivo, e ainda o compatriota Pedro Sousa, o segundo melhor português da actualidade.

Nem Tiafoe contestou a superioridade de Sousa, que ainda recebeu a visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa — “Passei a dar um abraço às 15h10. Pelos vistos, o abraço também ajudou um pouco”. “Sei o quão importante isto era para o João [Sousa]. Teria sido algo grande para mim também, se tivesse vencido, mas ele tinha todo o país atrás dele e senti-o desde o início da semana. Ele jogou demasiado bem, tinha o público do lado dele e foi difícil para mim. Esteve bem e fico feliz por ele, sempre foi simpático comigo”, confidenciou.

Com o triunfo de ontem, João Sousa garante uma subida de 20 lugares no ranking ATP, passando a figurar na posição 48, já mais perto da sua melhor classificação de sempre — o vimaranense chegou a ser o número 28 do mundo. com Lusa

Sugerir correcção
Ler 6 comentários