As sete vidas de Chris Marker na Cinemateca Francesa

As várias facetas da carreira do autor de La Jetée ou Sans Soliel que era também fotógrafo, escritor ou artista multimédia são o foco de Chris Marker, les 7 vies d'un cinéaste, exposição retrospectiva patente na Cinemateca Francesa de 3 de Maio a 29 de Julho.

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Marker e Resnais trabalharam juntos em Le Statues meurent aussi Keystone-France/Gamma-Keystone via Getty Images

Christian Hippolyte François Georges Bouche-Villeneuve (1921-2012) viveu muitas vidas. Chris Marker, um dos pseudónimos que usou ao longo da vida, é mundialmente famoso enquanto realizador. Nesse campo, foi associado, ao lado de nomes como Agnès Varda ou Alain Resnais, ao movimento Rive Gauche, tendo assinado filmes como a curta-metragem pós-apocalíptica La Jetée, 1962, ou à docu-ficção Sans Soleil, de 1983. Mas a sua carreira não se cingiu aos filmes. Fez parte da Resistência Francesa durante a Segunda Grande Guerra, por exemplo, e foi também jornalista, tendo sido colaborador da Cahiers du Cinéma e escrito sobre as suas inúmeras viagens à volta do mundo, que também registou enquanto fotógrafo, além de ter sido artista multimédia e programador de computadores. São essas facetas que estão patentes na exposição Chris Marker, les 7 vies d'un cinéaste, que dura de 3 de Maio a 29 de Julho na Cinemateca Francesa, em Paris.

Parte dos extensos arquivos de Marker, que já tinham sido confiados a essa instituição em 2013, um ano após a morte do realizador. Inclui, além de uma retrospectiva integral dos filmes, entre curtas, longas, instalações e a série de televisão Héritage de la chouette (que também ficará disponível pela primeira vez em DVD em Maio), bem como alguns dos seus filmes favoritos de outros realizadores, documentos, escritos e objectos vários, organizados em termos cronológicos e temáticos. Contemplam-se grandes acontecimentos do século XX que marcaram o homem e a obra, como a Segunda Guerra Mundial e Maio de 68, de cujas comemorações do 50º aniversário a exposição faz parte. Também estão incluídas as experiências virtuais do criador, que vão de Dialector, um programa de computador que simula uma conversa e cujo código foi escrito pelo próprio entre 1985 e 1988, a L'Ouvroir, um arquipélago que Marker montou na plataforma online de criação de mundos virtuais Second Life. Esse arquipélago tem direito à sua própria secção, que funciona ao mesmo tempo como a zona de entrada e saída da exposição.

Paralelamente ao que pode ser visitado diariamente e os filmes exibidos, haverá também conferências e mesas redondas à volta de Marker, bem como a edição de um catálogo de 400 páginas e um mini-ciclo no canal ARTE com a exibição de La Jetée, excertos do programa de televisão Court-Circuit relativos ao realizador, o documentário Le Joli Mai e Doze Macacos, o filme de Terry Gilliam inspirado em La Jetée.

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