Maduro intervém no Banesco e manda deter administradores

Onze administradores são acusados de favorecerem uma rede de transacções ilegais de câmbio na fronteira com a Colômbia.

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Comício de Nicolás Maduro Carlos Garcia Rawlins/REUTERS

O Governo venezuelano anunciou que vai assumir o controlo do Banesco, o principal banco privado do país, durante 90 dias. Pouco antes tinham sido detidos 11 membros da administração, sob suspeita de "ataques" contra a moeda nacional, o bolívar venezuelano, que se desvaloriza de dia para dia.

A detenção dos 11 dirigentes do Banesco foi anunciada pelo procurador-geral, Tarek William Saab, numa conferência de imprensa transmitida em directo na televisão. Os banqueiros são acusados de favorecerem, "por acção ou omissão", uma rede de transacções ilegais de câmbio na fronteira com a Colômbia, sustentada pelo preço do dólar norte-americano no mercado negro, e através da qual muitos emigrantes venezuelanos enviam remessas aos seus familiares, diz o jornal espanhol El País.  

No entanto, Saab não apresentou provas, nem aceitou responder a perguntas dos jornalistas, sublinha a agência Reuters. Mas afirmou que aquelas operações tinham o objectivo "de derrubar a moeda venezuelana".

Após as detenções, o vice-presidente da Venezuela, Tareck El Aissami, anunciou que as casas de câmbios voltariam a ser autorizadas, ao fim de mais de dez anos – mas apenas na fronteira e em zonas económicas especiais.

Ao câmbio actual, um euro corresponde a cerca de 82 mil bolívares, mas no mercado negro o dólar vale cerca de 800 mil bolívares.

Os administradores do banco terão sido convidados para uma reunião e, em seguida, foram detidos pelos serviços secretos venezuelanos. Tudo isto acontece em vésperas das eleições presidenciais, marcadas para 20 de Maio, que os partidos da oposição dizem ser uma farsa.

O  Governo de Nicolás Maduro anunciou que vai nomear um novo conselho de administração para o Banesco, presidido pela vice-ministra das Finanças, Yomana Koteich, para liderar a intervenção administrativa e "para garantir o pleno funcionamento e a continuidade da prestação de serviços", segundo um comunicado divulgado pela televisão estatal.

O presidente do Banesco, Juan Carlos Escotet, que vive em Espanha, classificou as detenções como uma reacção "desproporcionada", e disse que ia apanhar um avião para Caracas para libertar os seus administradores. "Vou bater em todas as portas para que o problema seja esclarecido e para que eles sejam libertados", disse Escotet, num vídeo publicado no Twitter.

De acordo com o vice-presidente, as investigações em curso levaram o Governo a congelar 1133 contas bancárias "ilegais", das quais 90% pertenceriam ao Banesco.

Texto editado por Clara Barata

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