Presidente da Air France demite-se depois de acordo salarial ter sido chumbado

Funcionários da companhia aérea foram consultados e voltaram a negar acordo salarial proposto pela Air France, que tinha como objectivo pôr fim às greves.

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O dirigente da Air France, Jean-Marc Janaillac, anunciou que iria apresentar a demissão nos próximos dias Reuters/CHARLES PLATIAU

O presidente executivo da companhia aérea Air France, Jean-Marc Janaillac, demitiu-se nesta sexta-feira depois de um acordo salarial com os trabalhadores ter sido negado em referendo, avança o Le Monde. O acordo salarial tinha como objectivo pôr fim às sucessivas greves da companhia francesa, uma das maiores da Europa, em que os funcionários têm vindo a reivindicar melhores condições laborais.

Numa altura em que as greves têm sido cada vez mais frequentes, sobretudo nos últimos dois meses, os mais de 46 mil funcionários da transportadora aérea francesa (com contrato francês) foram convidados a manifestarem a sua posição sobre o acordo salarial proposto em Abril deste ano pela Air France.

Segundo divulgou a própria companhia no Twitter, 80% dos funcionários acederam às urnas electrónicas e, desses, 55% disseram não concordar com o que lhes era proposto. 

“Assumo as consequências desta votação e apresentarei nos próximos dias a minha demissão aos conselhos de administração da Air France e da Air France-KLM [a sócia KLM é holandesa]”, afirmou Janaillac aos jornalistas, lamentando o “enorme desperdício” que faz com que a concorrência regozije, com que as alianças fiquem fragilizadas e as equipas desorientadas, nas suas palavras. 

Antes de os funcionários terem sido chamados a votar, Janaillac já tinha anunciado que a sua permanência no cargo dependeria do resultado da votação. Segundo um comunicado da Air France, o ainda dirigente convocará o conselho de administração a 9 de Maio, próxima quarta-feira. Janaillac ocupava o cargo de presidente executivo da Air France-KLM desde 2016.

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A transportadora aérea atravessa um período turbulento devido às sucessivas greves e prejuízo CHRISTIAN HARTMANN/REUTERS

A consulta aos trabalhadores da Air France serviu para averiguar se estariam dispostos a receber um aumento salarial de 7% nos próximos quatro anos (2% neste e 5% nos três anos seguintes). 

Sendo a resposta negativa, Jean-Marc Janaillac reconhece que o resultado da votação evidencia um “mal-estar” dentro da empresa e espera que a sua saída permita uma “tomada de consciência colectiva” na Air France, que diz estar a precisar de uma “transformação profunda”.

Parte dos funcionários da empresa estão em greve nesta quinta-feira (75% dos voos estão assegurados, garante a Air France) e manterão a greve anunciada para os dias 7 e 8 deste mês. A companhia refere que já perdeu cerca de 300 milhões de euros com as várias greves dos últimos dois meses.

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