Burlona mais idosa de Portugal vai sair da cadeia

Roza Vegele, de 90 anos, condenada a pena suspensa de cinco anos de cadeia.

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Fábio Augusto

A mulher mais velha presa em Portugal foi nesta quinta-feira condenada a uma pena suspensa de cinco anos de cadeia por burla qualificada, falsificação de documentos e branqueamento de capitais. Depois de ano e meio em prisão preventiva, que já cumpriu na cadeia de Tires, será libertada ainda nesta quinta-feira.

Nascida no Brasil há 90 anos mas com nacionalidade portuguesa, Roza Vegele é uma idosa pequenina, de óculos e cabelo branco. A firmeza de movimentos e o raciocínio escorreito mascaram as nove décadas de vida que já leva. Na sala de audiências do tribunal distribui beijinhos pelo neto, também arguido mas que vai acabar por ser ilibado, e pelos advogados. 

Juntamente com um filho, uma filha, um neto e uma sobrinha vendeu um prédio devoluto no centro de Lisboa que não lhe pertencia, avaliado em meio milhão de euros, recorrendo à falsificação de assinaturas e de documentos.Viúva e residente num condomínio privado em Niterói, começou a vir a Portugal ver o filho e os netos, que moravam no Estoril. Chegou a ficar alojada no Hotel Baía, em Cascais. Em 2016 aceitou ajudar a família a “tratar de papéis” para fingir que o prédio entaipado da Rua Luciano Cordeiro, nas imediações do Marquês de Pombal, lhes pertencia. Acabou por receber 300 mil euros por conta da sua venda.

A idade avançada e o facto de não ter antecedentes criminais pesaram na decisão dos juízes de não lhe aplicar uma pena efectiva de cadeia. Isso e o facto de se ter tornado criminosa para ajudar a sair do país um filho com cadastro por outras burlas e também por tráfico de droga que tinha fugido da cadeia. Mas o foragido acabou por ser capturado, tendo sido sentenciado nesta quinta-feira a mais dez anos de prisão por causa da venda do prédio. “Sabia que estava a cometer um ilícito fazendo o que lhe pedia o filho, mas não tinha noção do alcance dos seus actos”, disse no final o advogado da idosa, Lopes Guerreiro.

No último ano e meio a nonagenária partilhou cela com duas outras reclusas. A vida em Tires não lhe foi fácil, explica o mesmo advogado: “Além da idade, sofre de osteoporose e de diabetes”.

Antes de serem presos, Roza Vegele e a família foram às compras com o dinheiro arrecadado com a burla. Na Cartier da Avenida da Liberdade, por exemplo, tentaram comprar cinco mil euros em jóias. Só não conseguiram fazê-lo por a sua conta bancária ter entretanto sido bloqueada. 

 

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