Acções do Tinder afundam-se com concorrência do Facebook

Rede social vai permitir criar perfis para serem usados apenas em funcionalidade de encontros.

Foto
Quem investiu no Tinder não ficou entusiasmado com a novidade Monica Almeida/Reuters

As acções do Match Group, o grupo que é dono do Tinder e de outros serviços de encontros, afundaram 26% em reacção ao anúncio de que o Facebook quer lançar uma funcionalidade para que alguns utilizadores se tornem mais do que amigos.

A novidade foi avançada por Mark Zuckerberg, durante a conferência anual F8, que decorreu esta terça-feira e quarta-feira, nos EUA. “Há 200 milhões de pessoas no Facebook que dizem que são solteiras”, adiantou Mark Zuckerberg, durante uma apresentação em palco. “Isto vai ser para construir relações a sério e de longo prazo, não apenas para engates. No fundo, queremos que o Facebook seja um sítio onde se podem começar relações com significado. Estamos entusiasmados por começar a disponibilizar isto em breve.”

A nova funcionalidade chega numa altura em que a rede social tem estado sob uma chuva de críticas relacionadas com a disseminação de desinformação e de discurso de ódio, e com questões de privacidade. Ainda assim, o peso do Facebook é suficiente para colocar de sobressalto qualquer concorrente que esteja numa área em que a multinacional decida entrar. A rede social tem cerca de 1400 milhões de utilizadores diários, recursos financeiros para construir todo o tipo de serviços dentro da plataforma e um hábito de copiar algumas das funcionalidades dos concorrentes para lhes conquistar mercado, como aconteceu com o Snapchat.

A nova funcionalidade permitirá aos utilizadores criarem um novo perfil, separado do perfil principal e que não será mostrado aos amigos, e no qual podem definir preferências de encontros. Podem depois juntar-se a grupos ou indicar que vão a eventos. A partir daí, os utilizadores podem ver as pessoas que indicaram interesse nos mesmos eventos e podem tentar iniciar uma conversa. As conversas acontecem numa ferramenta que é também separada do Messenger. O Facebook argumenta que este sistema mimetiza o que acontece na vida fora da Internet, em que as pessoas se conhecem e começam a conversar quando estão juntas num determinado sítio.

Em reacção à notícia, os responsáveis do Match Group – que é também dono de serviços como o OkCupid, o Match.com e o Plenty of Fish – tentaram mostrar mais confiança do que os investidores, ao mesmo tempo que não perderam a oportunidade de chamar a atenção para os problemas recentes do Facebook. “Venham. A água está quente. O produto deles pode ser bom para as relações EUA/Rússia”, ironizou, num comunicado, o presidente da IAC, uma empresa que tem participações em largas dezenas de marcas de media e de Internet, e que é a maior accionista do Match Group (as acções da IAC já caíram cerca de 19% desde que Zuckerberg anunciou a nova funcionalidade). "Sentimo-nos lisonjeados com o Facebook a vir para a nossa área – e a ver, como nós, uma oportunidade global – numa altura em que o Tinder continua a disparar”, afirmou por seu lado a presidente do Match Group, Mandy Ginsberg. “Estamos surpreendidos com o momento, dada a grande quantidade de dados pessoais e sensíveis que este sector implica”, acrescentou.

As acções do Match Group tinham fechado a sessão de segunda-feira nos 47,12 dólares. Caíram para 36,71 no final de terça-feira, depois da apresentação do Facebook. Nesta quarta-feira, continuaram em queda e, ao final da tarde (hora de Lisboa), rondavam os 34,70 dólares. As acções do Facebook subiam nesta quarta-feira cerca de 2%.

Sugerir correcção
Comentar