PSD e CDS condenam “ocultação” de auditoria sobre incêndio de Pedrógão

Bancadas do centro-direita vão pedir que o Governo envie o relatório para o Parlamento. Rui Rio considera que "há responsabilidades fortes das áreas tuteladas pelo Governo relativamente ao que aconteceu nos incêndios".

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CDS fala em "manto de obscuridade" LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

O PSD e o CDS criticaram o Governo por ocultar durante meses a auditoria interna que a própria Autoridade Nacional de Protecção Civil fez ao incêndio de Pedrógão Grande, que revela falhas na organização inicial do combate ao incêndio, e que o PÚBLICO noticiou nesta quarta-feira.

O líder do PSD considera que o relatório de uma auditoria interna da Autoridade Nacional de Protecção Civil "vem confirmar aquilo que foram as responsabilidades fortes das áreas tuteladas pelo Governo relativamente aos incêndios do verão passado". "Há responsabilidades fortes das áreas tuteladas pelo Governo relativamente ao que aconteceu nos incêndios, nós todos sabemos isso, agora sabemos mais uma parcela da soma: havia um relatório que ainda identificava mais deficiência e esconde deficiências", disse Rui Rio, em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, à margem de uma visita ao Hospital local, citado pela Lusa.

O relatório, divulgado pelo PÚBLICO, "só vem confirmar a necessidade de o Governo estar muito atento e muito actuante relativamente aquilo que vai ser o próximo Verão, para que Portugal não volte a ter semelhante descalabro, caos, como aconteceu em Junho e Outubro", acrescentou. "Qualquer notícia desse género só vem adicionar, confirmar, aquilo que foram as responsabilidades, particularmente graves em Outubro, porque já havia a experiência do primeiro incêndio", concluiu.

No Parlamento, Carlos Peixoto, vice-presidente da bancada social-democrata, condenou o Governo por “meter o relatório na gaveta” e considerou ser “estranho” que este documento tenha sido escondido quando outros relatórios de outras entidades foram divulgados. “O Governo preferiu ocultar informação que não o deixa nada bem na fotografia”, disse o deputado aos jornalistas.

Considerando que o relatório tem factos “graves”, Carlos Peixoto anunciou que o PSD vai pedir o relatório e que, neste caso, o Governo “está claramente a brincar com o fogo”.

O mesmo pedido vai ser feito pelo CDS-PP, que optou por fazer um conjunto de perguntas ao Governo sobre a auditoria, nomeadamente porque é que foi mantida em segredo e se houve “consequências disciplinares” sobre o que é aí relatado. “Há uma ocultação e um manto de obscuridade”, disse Telmo Correia, vice-presidente da bancada centrista, contestando o argumento avançado esta manhã pelo ministro da Administração Interna de que o documento estaria em segredo de justiça. Esse segredo não abrange a própria “existência do relatório nem o facto de ter sido enviado para o Ministério Público”, segundo o deputado, qualificando os factos descritos no relatório como “da maior gravidade”.

As duas bancadas optaram por não chamar o ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita ao Parlamento por causa deste assunto, já que há uma audição marcada para a próxima semana, no dia 8. 

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