Marcelo teve um banho de multidão na abertura do mercado provisório do Bolhão

Presidente da República revela que o mercado provisório superou as suas “expectativas”. Comerciantes estão satisfeitos com a mudança temporária, mas avisam que querem regressar ao Bolhão dentro de dois anos.

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Paulo Pimenta
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Os portões de ferro do conhecido Mercado do Bolhão fecharam-se no fim-de-semana e os comerciantes foram provisoriamente instalados no piso inferior do Centro Comercial da La Vie Porto, na Rua de Fernandes Tomás, a escassos metros do emblemático mercado da cidade, que vai agora ser recuperado para dentro de dois anos abrir completamente remodelado.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que pisou pela primeira vez aquele mercado, em 1959, quando tinha apenas dez anos, quis associar-se à abertura do novo espaço, que decorreu na quarta-feira de manhã e aproveitou o momento para deixar um apelo à cidade. “Finalmente, temos um mercado temporário que dignifica muito os comerciantes. Agora, a cidade tem de responder. É preciso demonstrar a vitalidade desta actividade”, declarou o Presidente da República, enquanto visitava o mercado provisório.

Para Marcelo, o “novo” mercado ultrapassou as suas “expectativas” e nota que “todos os que se mudaram estão felizes. É também um espaço muito feliz em termos de arrumação, disposição e de lembrança, àqueles que trabalham e trabalharam no Bolhão”. “Esta identidade entre quem liderou o processo e os comerciantes foi a chave do que vemos aqui. Até agora não encontrei nenhum comerciante que discordasse [das novas instalações] ”, partilhou o Presidente que foi recebido pelos comerciantes com um sonoro aplauso de palmas, muitos beijos, muitos abraços e, claro, muitas selfies.

Ao longo da inauguração, os comerciantes mostraram-se satisfeitos com a mudança, contudo, vão avisando que querem regressar ao mercado onde sempre estiveram. “Este local está muito apetecível, mas espero pela inauguração do meu Bolhão, porque foi lá que iniciei a minha vida depois de casada como comerciante de fruta”, afirma Fátima Teixeira. Esta vendedora, de 54 anos revela que os clientes parecem gostar do novo espaço, mas não resiste a dizer: “Quero voltar para o meu Bolhão…”.

Susana Barros, que dispõe de uma banca de fruta e de sumos colada à de Fátima Teixeira, também elogia o local e revela que os clientes aprovam a solução encontrada pela autarquia, mas sublinha que o “importante” é que as pessoas comecem a comprar.

Maria Madalena Machado, que dá o nome à padaria que existe naquele espaço, não poupa elogios a Rui Moreira, afirmando que “foi o único presidente de Câmara do Porto que teve força avançar com as obras do Bolhão”. Quanto ao ex-autarca, Rui Rio acusa-o de “nada fazer e de querer entregar a reabilitação do mercado à TramCroNe, empresa que venceu o concurso para a renovação do Mercado do Bolhão” em 2007.

Paula Viana, que conseguiu juntar os dois presidentes à volta da sua banca, recorre ao velho provérbio que diz que “quem muda, Deus ajuda” para afirmar que gosta do local onde agora está e diz esperar que os turistas continuem a comprar os seus produtos. Quanto ao Mercado do Bolhão aponta-lhe “falta de condições” para continuarem a trabalhar lá.

Durante a visita, o Presidente da República foi alvo de um banho de multidão. Todos o queriam ver e foram muitos os que se juntaram à caravana para falar com o Presidente que diz ter “saudades” do emblemático mercado do Bolhão.

Já dentro do mercado temporário do Bolhão, o Presidente da República foi questionado pelos jornalistas sobre a actualidade política, mas não só, e não evitou comentar o caso do relatório interno feito pela Direcção Nacional de Auditoria e Fiscalização à actuação da Protecção Civil no incêndio de Pedrógão Grande do qual resultaram 67 mortes. Esta quarta-feira, no Porto, Marcelo disse que “se houver matéria criminal” relativamente à eventual destruição de documentos, tal deve “entrar na investigação criminal" que está a ser feita pelas autoridades judiciárias. 

O Presidente da República reagia à notícia avançada nesta quarta-feira pelo PÚBLICO, na qual se noticiava pela primeira vez o conteúdo de um relatório de quase 150 páginas resultante de uma auditoria à Autoridade Nacional de Protecção Civil que está desde Novembro do ano passado nas mãos do Governo e que aponta "falhas graves”, admitindo que houve registos "apagados" ou "destruídos", entre muitas outras conclusões.

“Relativamente aos incêndios, há uma parte que compete à investigação criminal. Se houver matéria nesse domínio naturalmente deve entrar na investigação que está em curso”, continuou a defender o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas durante a visita ao mercado temporário do Bolhão.

Questionado sobre a possibilidade de o Governo de António Costa ter escondido um relatório, enquanto divulgou todos os outros, o Presidente da República foi contido. “Eu não tenho sobre isso elementos nenhuns que me permitam formular uma opinião. Houve uma notícia e neste momento é prematuro formular opinião sobre aquilo que não pude estudar, não pude investigar, de que não tive conhecimento”, concluiu.

Já em relação ao antigo ministro da Economia do Governo de José Sócrates, suspeito de receber luvas do Grupo Espírito Santo, Marcelo não quis fazer declarações. "Não comento as comissões parlamentares de inquérito. Acompanho com interesse e respeito, mas no âmbito da separação de poderes não formulo opiniões sobre a actuação do Parlamento”, justificou.

Depois da visita ao mercado provisório do Bolhão, o Presidente da República teve um almoço privado com Rui Moreira.

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