Cartas ao director

Sobre o Museu da Resistência

O fisicamente degradado Forte de Peniche foi alvo de uma tentativa de reconversão para espaço turístico. Políticos e opinião pública ergueram-se contra tal atentado à nossa memória de resistência à ditadura de Salazar e Marcelo Caetano. Aquele conjunto arquitectónico será um memorial museológico.

Pelo Forte de Peniche, prisão tenebrosa do fascismo, passaram cerca de 3000 presos políticos! Não podiam falar entre si, a não ser com carcereiros por perto a ouvi-los. A família de esquerda teve uma participação relevante neste cárcere. O notável historiador Fernando Rosas, também aqui prisioneiro diz: “Era a prisão mais arbitrária, cruel e repressiva do fascismo!”

Peniche objectivava o desaparecimento dos presos políticos, que nunca sabiam quando sairiam da cadeia... muitos desapareceram, não se sabendo quantos foram. Após 44 anos da libertação dos últimos presidiários, o país precisa de saber o que lá aconteceu, sobretudo os jovens. (...)

O ministro da Cultura prevê que em 2019 o Museu Nacional da Resistência seja inaugurado. Oxalá! A luta dos republicanos, anarquistas, comunistas e da extrema-esquerda deve ser amplamente divulgada e estudada, para que jamais haja supressão da democracia. Todos temos que saber e compreender por que é que o eufemisticamente chamado Estado Novo há muito estava esgotado! Fascismo jamais!

Vítor Colaço Santos, São João das Lampas

De mãos dadas

O acordo assinado pelos líderes da Coreia do Norte e da Coreia do Sul para a completa desnuclearização da península coreana é um exemplo para o mundo. Quando a indústria armamentista esperava o rebentar de uma guerra para ganhar muitos milhões de dólares, a pomba da paz voou mais alto do que o falcão da guerra. De mãos dadas, Kim Jong-un e Moon Jae-in atravessaram a fronteira da zona desmilitarizada. Paz eterna deve ser efectiva e não um epitáfio. “Com mãos se faz a paz se faz a guerra/com mãos tudo se faz e se desfaz”, escreveu Manuel Alegre.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

Folga orçamental

O peso da dívida pública em Portugal encontra-se próximo dos 130% do PIB e a despesa com juros ronda os 3,6% do PIB, um valor que contrasta bastante com os cerca de 1% despendidos pelos países do centro e norte da Europa, como é o exemplo da Alemanha. Mesmo dentro do nosso contexto, a despesa com juros passou de cerca de 4700 milhões de euros em 2004 para mais de 8000 mil milhões de euros em 2017, o que se explica em grande medida pelo crescimento da dívida pública. Assim sendo, torna-se imperativo aproveitar as folgas orçamentais para baixar a dívida pública, que ao contrário do que muitos pensam seria a melhor solução para, a médio prazo, reduzir a despesa pública e a vulnerabilidade de Portugal às oscilações internacionais das taxas de juro. Quanto maior esta redução dos nossos encargos para com o exterior, mais facilmente poderemos aumentar a despesa pública em serviços essenciais, como educação e saúde. 

João António do Poço Ramos, Póvoa de Varzim

PÚBLICO ERROU

Na última edição do P2, no texto “Empresa de barrigas de aluguer quer abrir representação em Portugal”, o nome de um dos membros da Comissão Nacional de Ética para as Ciências da Vida aparece mal grafado: é André Dias Pereira e não André Pereira da Silva.

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