Real Madrid sofre mas garante final da Champions

Bis de Benzema leva espanhóis a Kiev e a sonhar com a terceira conquista consecutiva.

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Karim Benzema bisou no Bernabéu REUTERS/Kai Pfaffenbach

O Real Madrid sofreu às mãos do Bayern Munique para segurar o 2-2 que garantiu a sua passagem à terceira final consecutiva da Liga dos Campeões. O emblema espanhol, bicampeão europeu, fica agora à espera do vencedor da outra-meia-final entre Liverpool e Roma, que se joga hoje nesta quarta-feira.

O jogo começou cedo a pender para os alemães. Sem Carvajal e perante a ameaça da dupla formada por Alaba e Ribéry, Zidane voltou a ver em Lucas Vázquez a solução para travar as intenções alemãs no corredor direito do Real Madrid. Decisão previsível e que, juntamente com a titularidade de Kovacic, recuperava para o Bernabéu o mesmo “onze” que fechou o jogo de há uma semana, na Allianz Arena. Só que Modric “perdia-se” nos apoios a Vázquez e o Bayern explorou as fragilidades dos espanhóis, magnetizando as atenções para o corredor esquerdo para depois golpear pela direita.

Em três minutos, os alemães colocaram o Real Madrid em sentido e apesar de Robben, lesionado, não estar em campo, o perigo rondava os domínios de Keylor Navas. E o golo não demorou: Sergio Ramos fez  um corte de calcanhar com a bola a ressaltar para Kimmich, que repetiu a proeza de Munique e marcou.

A vantagem durou oito minutos, tempo necessário para Marcelo oferecer a Benzema o terceiro golo do francês na Liga dos Campeões (curiosamente o terceiro em 12 meias-finais). Apesar das críticas e do pobre rendimento na Liga espanhola (cinco golos), Benzema surgiu ao lado de Cristiano Ronaldo, que voltou a não marcar, embora possa ainda bater o recorde pessoal de 17 golos na sua sexta final da Champions.

Com o Bayern a precisar de um golo para igualar a eliminatória, Heynckes e Müller ainda tentaram a estratégia (habitualmente associada a culturas latinas) de pressionar o árbitro — o turco Cuneyt Cakir. Lewandowski embrulhou-se com Ramos e ficou a reclamar um penálti, que não foi concedido. A mão (involuntária) de Marcelo, a terminar a primeira parte, foi a última queixa num jogo em que só o talento podia fazer a diferença.
O Bayern continuava a pressionar e revelava todas as imperfeições do bicampeão europeu e o Real Madrid teve que esquecer o estatuto e batalhar pelo segundo golo, que só não surgiu antes da meia-hora de jogo porque a Marcelo e Kroos faltou arte.

O Real continuou a mostrar-se vulnerável à profundidade de Alaba e às desmarcações de Lewandowski, que aqueceu Keylor Navas para uma noite inesquecível, com defesas verdadeiramente salvadoras.

Os alemães insistiam, sem ignorar que Cristiano Ronaldo rondava a área germânica, sempre na expectativa de ampliar a marca de 15 golos na Champions. Ronaldo movimentava-se como um predador nas sombras, forçando Ulreich a aplicar-se na primeira vez em que fitou a baliza. Mas o mesmo Ulreich não tardaria a entrar, pelas piores razões, na história da prova: o substituto de Neuer hesitou num atraso de Tolisso e ofereceu o bis a Benzema, logo a abrir a segunda parte. Para Zidane, que pedira um golo rápido, este foi o timing perfeito.

O Bayern não baixou os braços e quando os hexacampeões alemães baralhavam Kovacic e Kroos, deixando Asensio dividido entre as acções defensivas e a ligação a Ronaldo e Benzema, James ainda falhou um golo certo. Mas o colombiano, emprestado pelo Real ao Bayern, não falharia mais tarde e também não festejou, como tinha prometido.

Ronaldo ainda teve a hipótese de dar o triunfo no jogo ao Real no seu pé direito, mas falhou o que poderia ter sido o golpe de misericórdia. E, até final, foi o Bayern que obrigou o Real Madrid a encolher-se. Valeu aos espanhóis um espírito de sacrifício notável, um Keylor Navas inspiradíssimo e alguma sorte.

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