Cinema marca arranque do projecto cultural “Solos e Solidão” que decorre até Outubro

“Solos & Solidão” é o “argumento” do projecto cultural que decorre, pela primeira vez, em Viseu até Outubro e que coloca o enfoque na criação artística e na condição humana. Cinco meses para cinco expressões artísticas. Maio é o mês do cinema

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PAULO PIMENTA / PUBLICO

O trabalho de cada artista enquanto criador e performer solita´rio está em destaque no projecto de artes que a Acrítica – Cooperativa Cultural promove durante cinco meses em Viseu. O ciclo “Solos & Solidão” abre neste mês de Maio com o cinema e estende-se até Outubro com eventos dedicados ao teatro, às artes plásticas, à fotografia e à música. Leonor Keil, Filho da Mãe, Kalaf, Jaime Raposo, Afonso Cruz, Teatro do Oprimido e Palmilha Dentada são alguns dos nomes que estarão em Viseu.

Segundo os promotores, a primeira edição serve para colocar em reflexão não só o acto solitário de criar e de estar a solo em cima de um palco, mas também de como o isolamento humano é hoje uma condição que “a humanidade nunca conseguiu muito bem resolver”.

“Este série de ciclos surge depois de reformular o formato dos anos anteriores do Cult.Urb que era um festival de artes que decorria durante um mês no nosso espaço Carmo'81. Decidimos reordenar este formato e torná-lo mais longo, até porque o tema da solidão não se consegue abordar num mês”, esclarece Nuno Rodrigues, um dos directores artísticos do evento.

Ciclo começa com o cinema

A programação apresenta uma série de perspectivas focadas nos custos/benefícios do isolamento humano e começa com a visão de quatro realizadores (Andrei Tarkovski, Roberto Rosselini, John C. Lynch e Teresa Villaverde) num ciclo de cinema em parceria com o Cine Clube de Viseu.

Lucky será o primeiro filme  a ser exibido, a 8 de Maio, e aborda a história de um “velho ateu, solitário e rabugento de 90 anos”. “Define muito do que nós sentimos que é o espírito destes ciclos. Este senhor tem uma vida de solidão, escolhida e procurada, entretanto começa a ver o fim da vida a chegar e já se sente sozinho e precisa de alguma companhia”, descreve Nuno Rodrigues.

O ciclo continua em junho com o mês dedicado ao teatro. Leonor Keil apresenta Um esqueleto de baleia na casa dos avós, uma peça que está agora a estrear no Teatro Maria Matos e que, apesar de ser uma concepção conjunta, tem apenas a bailarina em cima do palco. Outro momento que tem como premissa a solidão chega com o monólogo de Daniela Marques baseado num texto inédito do escritor Afonso Cruz e que será musicado por Rui Souza.

Em Julho, o projecto faz uma pausa e regressa em Agosto para dar destaque aos artistas locais com uma loja/galeria que terá uma programação regular.

Setembro é o mês dedicado à fotografia. João Cosme, Pauliana Pimentel, Tito Mouraz e António Júlio Duarte fazem parte deste ciclo que coloca o enfoque no “momento solitário entre o fotógrafo e o obturador”.

A música chega em Outubro com os solos e nomes como Filho da Mãe, Kalaf (Buraka Som Sistema), Cachupa Psicadélica e o baterista Ricardo Martins (Pop Dell'Arte, Jibóia), entre outros.

O projecto “Solos & Solidão” tem um financiamento municipal de 25 mil euros e, para Jorge Sobrado, vereador da Cultura, representa uma programação “que é não apenas nova, mas  tem a inteligência e a sensibilidade de acrescentar valor” à que já existe em Viseu.

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