Jardim Mário Soares convida cidadãos a usar da palavra

A ideia de renomear o Jardim do Campo Grande foi de António Costa.

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Inauguração do jardim com o nome de Mário Soares LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

O Jardim Mário Soares, inaugurado esta quarta-feira em Lisboa, conta com uma estrutura com a história do antigo Presidente da República, e com um púlpito que convida os cidadãos a usar da palavra, que foi "a sua grande arma".

O Jardim do Campo Grande ganhou hoje o nome do antigo Chefe de Estado, numa cerimónia que contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, do primeiro-ministro, António Costa, e do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina.

Também a família de Mário Soares, membros do Governo, vereadores, militantes do Partido Socialista (que Mário Soares fundou), e cidadãos marcaram presença na homenagem.

O púlpito encontra-se no centro de um pequeno anfiteatro circular, na zona sul deste espaço verde, em frente à casa onde morou Mário Soares.

Na estrutura encontra-se a inscrição "às sugestões da comodidade, do egoísmo ou do interesse individual que apontam para a renúncia ou para o alheamento, há que opor a vontade decisiva de vencer - na certeza de que só é vencido quem desiste de lutar", frase que consta do livro "Portugal Amordaçado", de 1972, e que foi lida por um dos netos do antigo chefe de Estado, na abertura da cerimónia.

Este púlpito "é um espaço para uso da palavra pelos cidadãos, por qualquer pessoa que deseje aqui estar, falar, encontrar-se com os seus e com os outros. Um pouco a ideia de que a palavra nos une, nos aproxima, porque verdadeiramente, para Mário Soares, a sua grande arma foi sempre a sua voz e a sua palavra", disse o presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

No chão, encontram-se palavras que caracterizam o político (como escritor, humanista, advogado, resistente antifascista), colocadas com papel autocolante, e que duas horas depois da inauguração já perderam algumas letras, facto que foi notado por vários transeuntes que visitavam o local.

Inaugurando os discursos, Fernando Medina (PS), começou por constatar "o quão difícil era a tarefa de homenagem a alguém" com o percurso de Mário Soares, tendo vincado também que "foi a partir da voz que ele tanto conquistou ao longo de tanto tempo".

A escolha do município recaiu então na atribuição do nome ao jardim do Campo Grande, que foi recentemente intervencionado, e também na colocação de um perfil sobre o histórico socialista junto ao lago.

Neste totem, "está sintetizado, na forma do possível, o que é o incrível trajeto de Mário Soares ao longo de tantas e tantas décadas", afirmou Medina, elencando que "servirá às novas gerações, às atuais gerações", e a quem visita Lisboa.

À passagem pela estrutura, o Presidente da República salientou que o perfil "está muito bem feito", e o primeiro-ministro testou o sistema de 'QR Code' (que permite aceder a mais informação através do telemóvel), tendo sinalizado que funciona e "está impecável".

Medina aproveitou para agradecer também ao primeiro-ministro, e ex-presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, a ideia de renomear o jardim do Campo Grande.

Também o 'designer' Henrique Cayatte, amigo de Mário Soares, foi notado pelo autarca, pela ideia de incluir o totem e o 'speakers corner' no jardim.

A filha de Mário Soares, Isabel Soares, tomou a palavra para agradecer a homenagem e recordar os tempos em que passeava com a família no jardim.

"Este jardim do Campo Grande foi o seu jardim, desde os 11 anos [...] foi aqui que sonhou, namorou, conspirou por um país livre e democrático", disse.

Depois de ter sofrido obras profundas, o jardim conta agora com mais 700 árvores, um sistema de rega renovado e mobiliário urbano novo, um percurso central, bem como soluções naturais de bacias de retenção.

A requalificação custou cerca de 1,5 milhões de euros, disse à agência Lusa fonte da Câmara Municipal.

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