Real Madrid foi o campeão do cinismo em Munique

"Merengues" venceram o Bayern e estão mais perto de se apurarem para a final da Liga dos Campeões.

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LUSA/LUKAS BARTH

Bayern Munique e Real Madrid, duas equipas com larga tarimba nos grandes jogos em que há muito a ganhar e muito a perder, habituadas, como poucas, a provocar o erro do adversário e a aproveitá-lo em seu proveito. Nesta quarta-feira, os “merengues” saíram de Munique como os campeões do cinismo, aproveitando todas as migalhas que os bávaros deixaram para triunfarem por 1-2 no jogo da primeira mão das meias-finais e ficarem mais perto da final de Kiev e do seu terceiro título consecutivo.

Não é nada de novo ver, nesta época, o Real prosperar em terreno hostil no seu percurso europeu. Já o tinha feito em Paris, frente ao PSG, e em Turim, diante da Juventus, mas nunca de uma forma tão cirúrgica como no Allianz Arena, em Munique. A novidade foi ver um jogo de Champions nesta época sem Cristiano Ronaldo ter apontado qualquer golo — o português já leva 15 só nesta edição e costuma ser ele a decidir, mas, desta vez, não foi preciso.

Pode dizer-se que a equipa de Jupp Heynckes teve todo o azar do jogo, desde os muitos golos falhados, aos erros próprios que deram a vitória ao Real, passando ainda pelas substituições que fez, todas motivadas por lesão (Robben e Boateng na primeira parte, Martínez na segunda). Mas, com todo o azar que enfrentou, o Bayern até foi o primeiro a aproveitar o erro do adversário e parecia embalado para uma vitória, senão tranquila, pelo menos segura.

Depois de quase meia-hora sem grandes acontecimentos, os bávaros adiantaram-se no marcador aos 28’. Após conquistarem a bola no seu meio-campo, os homens da casa dispararam para o contra-ataque. James Rodríguez fez um passe milimétrico para apanhar Joshua Kimmich em passada rápida e com espaço para correr (Marcelo tinha ficado para trás, Varane não teve velocidade para o apanhar). Frente a Keylor Navas, o internacional alemão simulou o cruzamento e atirou para a baliza.

A vantagem mínima podia ter crescido várias vezes ainda durante a primeira parte. Franck Ribéry esteve perto do segundo golo aos 33’, Hummels também aos 41’, e Müller aos 42’. O Real estava desconfortável, mas não morto, e, da forma mais inesperada, chegou ao empate. Depois de um cruzamento que não parecia ir a lado nenhum, Javi Martínez falhou a intercepção e a bola ficou para Marcelo. De fora da área, o brasileiro teve espaço para o remate e assinou o golo do empate aos 44’, sem que a equipa de Zidane tivesse feito muito por isso.

O Bayern podia ter reduzido logo a seguir, num livre superiormente marcado por Thiago Alcântara, mas o cabeceamento de Lewandowski saiu à figura de Navas. Os bávaros iam para o intervalo com sabor amargo na boca, para os “merengues” o jogo até podia acabar logo ali. Mas, na perspectiva do Real, ainda bem que havia segunda parte. Zidane fez alterações após o intervalo, tirando Isco para lançar Asensio. Jupp Heynckes, já com duas substituições queimadas, tinha de confiar nos que estavam em campo.

A sorte “merengue” transpirou para a segunda parte. Um erro brutal de Rafinha, que errou num passe a meio-campo quando a sua equipa estava toda inclinada para a frente, abriu espaço para a corrida de Lucas Vázquez no flanco direito. Lucas levou a bola até perto da área e fez o passe para Asensio desenhar o 1-2. Dois erros bávaros, como se diz no ténis, não forçados, conduziram a dois golos cínicos de um Real mais que habituado a cumprir este papel. O Bayern continuou a carregar, sobretudo através das iniciativas de Ribéry sobre o corredor esquerdo, mas o francês perdeu todos os duelos com Navas.

Do outro lado do campo, Ronaldo ainda meteu a bola na baliza aos 71’, mas o golo foi anulado por o português ter dominado a bola com o braço antes do remate. Depois, Benzema, que tinha começado no banco, teve uma grande oportunidade, rematando para grande defesa (a única em todo o jogo) de Ulreich. O campeão germânico foi ficando sem pernas e sem cabeça para dar a volta, o Real estava confortável e segurou sem problemas a vantagem até ao fim, provocando a primeira derrota caseira do Bayern nesta temporada.

Mas uma vitória por 1-2, mesmo obtida fora de casa, não significa nada. O Real bem se assustou em casa com a Juventus depois de vencer 0-3 em Turim, e o Bayern tem poder de fogo para dar a volta no Santiago Bernabéu. Na próxima terça-feira, saberemos.

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