Salah estabelece antes e depois de Mohamed

Egípcio bisou frente à Roma e iluminou a goleada para sair sob ovação, com o Liverpool a vencer por 5-0. Acabou, porém, a assistir no banco à reacção italiana.

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Reuters/CARL RECINE

Liverpool e Roma, os dois semifinalistas improváveis desta Liga dos Campeões, assinaram uma primeira mão de luxo em Anfield Road, com sete golos (5-2) que transferem para o Olímpico de Roma o peso de uma decisão que os italianos forçaram depois de estarem a perder por 5-0. Salah (com 11 golos na prova) foi a grande figura da noite, com dois golos e duas assistências, reinventando uma nova era, antes e depois de Mohamed.

No início, porém, o Liverpool parecia surpreendido, algo descrente até, com o dispositivo montado por Eusebio Di Francesco, pensado para ganhar a batalha do meio-campo. Salah e Firmino estudavam a melhor forma de contornar o bloco romano, ensaiando timidamente os lances que obrigassem a Roma a mostrar-se. À consistência, os italianos foram adicionando um ímpeto ofensivo que poderia ter rendido frutos num remate de Kolarov (18’) em que o guarda-redes alemão Loris Karius esteve a milímetros de comprometer seriamente a equipa. Valeu a barra a devolver o tiro do sérvio, numa altura em que o Liverpool perdia Oxlade-Chamberlain, lesionado, e passava por momentos complicados perante um adversário manipulador e, por essa altura, já no comando das operações.

Mas a entrada de Wijnaldum em cena acabaria por promover os equilíbrios necessários para os ingleses poderem recuperar o controlo, o que conseguiram em definitivo com dois safanões do senegalês Sadio Mané. À velocidade, o extremo só não foi capaz de associar a eficácia, falhando escandalosamente a melhor ocasião de toda a primeira parte, apenas com Alisson Becker pela frente. Mané, que já revelara pouca inspiração em tarefas mais simples, descompensando a equipa, levava Jürgen Klopp ao desespero com novo falhanço. E quando acertou na baliza, estava em posição irregular.

Perversamente, Mané levava a equipa para um estádio de confiança que tomou conta de Anfield e permitiu a Salah detonar a eliminatória. Depois de um primeiro remate a obrigar Alisson a aplicar-se, o internacional egípcio surgiu, inclemente, a castigar a sua anterior equipa. Primeiro (36’) num remate indefensável, ao ângulo, numa manifestação de absoluto domínio técnico. Depois (45+1’) em combinação perfeita com Firmino, a romper pelo corredor central para atingir os romanos em pleno no coração, ferindo de novo a Roma em cima do intervalo.

Os últimos 17 minutos da primeira parte foram verdadeiramente excruciantes, deixando os italianos expostos para um segundo assalto que se adivinhava de grande sofrimento. Com Mo Salah imparável, Jürgen Klopp podia pensar na festa do 150.º jogo ao leme dos “reds”, com pompa e circunstância, ainda que poucos arriscassem um desfecho tão pesado, com mais três golos para fazer justiça à arte do gladiador egípcio. Salah não voltaria a desfeitear os ex-companheiros, mesmo tendo sido o grande responsável pela derrocada transalpina, com mais duas assistências para golo: primeiro a oferecer a Mané (56’) a possibilidade de se redimir das ocasiões desperdiçadas e depois a solicitar a entrada em cena de Firmino (61’), que acabaria por bisar (69’), após um canto.
Quando os italianos pareciam confinados a um papel de autênticos figurantes, sem direito sequer a prémio de consolação, foi a vez de o bósnio Edin Dzeko (81’) exibir toda a classe que ressuscitou a equipa, que conseguiu resgatar a honra e reduzir a margem para os mesmos três golos que anulou frente ao Barcelona, nos quartos-de-final, graças a um penálti convertido por Perotti (85’).

Para grande azar do Liverpool e de Klopp, Salah encontrava-se já no banco, incrédulo e impotente, como mero adepto, sem poder reverter o que estava a suceder, com a Roma em busca de um terceiro golo que se traduziria no relançamento objectivo de uma eliminatória, que apesar de tudo continua a pender totalmente para o lado dos ingleses.

 

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