Arménia com primeiro-ministro interino após demissão de Sarkisian

Centenas de soldados tinham-se juntado aos protestos contra Serzh Sarkisian. Na véspera, as autoridades detiveram os líderes da oposição que promoveram as manifestações.

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Os protestos em Ierevan cresceram apesar da detenção dos seus organizadores Reuters

O primeiro-ministro arménio, Serzh Sarkisian, demitiu-se nesta segunda-feira, na sequência de manifestações contra a sua nomeação na semana passada, de acordo com um comunicado divulgado pela Reuters. Foi nomeado chefe de Governo interino Karen Karapetian, que renunciou às funções que mantinha desde 2016 quanto Sarkissian foi designado para o cargo.

"O movimento das ruas está contra o meu mandato e vou cumprir as suas exigências", disse Sarkisian.

Mais de uma centena de soldados juntaram-se, desarmados, aos manifestantes que protestam contra a nomeação do ex-Presidente como primeiro-ministro.

O exército arménio apressou-se a declarar esta acção dos militares como ilegal, prometendo castigos duros para os que se manifestam. A emissora Al-Jazira fala em centenas de soldados, muitos em serviço, presentes nos protestos em Ierevan.

Os protestos repetem-se no que é já a maior crise política do país da última década, nota a agência Reuters.

Os manifestantes acusam Serzh Sarkisian de querer manter-se no poder a todo o custo. Sarkisian, 63 anos, foi Presidente durante dez anos, desde 2008. Em 2015, propôs uma alteração constitucional para aumentar os poderes do primeiro-ministro, garantindo que não pretendia ocupar o cargo. Na semana passada foi nomeado pelo Parlamento como o novo chefe do Governo.

Já na semana passada tinha havido manifestações promovidas pela oposição com o objectivo de impedir esta nomeação.

No domingo, voltaram a juntar-se dezenas de milhares de pessoas nas ruas de Ierevan. As autoridades detiveram os líderes da oposição que têm promovido os protestos e quase 200 manifestantes, levando a uma crítica ca União Europeia.

Mas os protestos mais recentes, que estão agora no segundo dia consecutivo, parecem mais abrangentes: além dos soldados, a Al-Jazira dizia que havia também membros do clero presentes.

O repórter da Al-Jazira Robin Forrestier Walker notou que o ambiente nas manifestações é pacífico e até positivo, com soldados a abraçar os manifestantes.

Mas esta presença de militares é surpreendente e a ameaça de punição severa para os soldados que se manifestem e as prisões da véspera deixam alguma expectativa sobre o que pode acontecer a seguir. “Os dois lados vão ter muita atenção ao que faz o outro agora”, sublinha Walker.  

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