Mariana Mortágua: mudanças de posição mostram PS “na vertigem da minoria absoluta”

Deputada do Bloco de Esquerda lamenta revisão em baixa do défice e diz que é um erro gerir um governo a partir do Ministério das Finanças.

Mariana Mortágua diz que é erro gerir Governo a partir das Finanças RTP

Mariana Mortágua não gostou de ver o Governo a rever o défice para 0,7% – em vez dos 1,1% acordados com Bloco de Esquerda e PCP – previsto no Orçamento de Estado para 2018 e acredita que as mudanças de posição do PS mostram um partido “na vertigem da minoria absoluta” nas eleições de 2019. Em entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, a deputada bloquista criticou ainda o peso excessivo do ministério das Finanças no executivo socialista e lembrou que agora a folga é maior do que em orçamentos anteriores.

“O que determina maiorias políticas são ideias políticas, ideias para o país, mas acho que quando o Partido Socialista mudou de posição (…) sobre as reformas antecipadas e o programa das reformas antecipadas, quando anunciou que não haveria aumentos na função pública ou quando alterou as metas do défice, mostrou-nos um PS na vertigem da minoria absoluta”, disse Mortágua.

A deputada insistiu na ideia de que o ministro das Finanças e o Governo estão a ir “sistematicamente” para além “das metas acordadas com Bruxelas”, para fazerem boa figura junto dos parceiros europeus, e deixou críticas ao lema “somos todos Centeno”, proferido pelo ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes.

“Se num Governo ‘todos forem Centeno’ e se o Governo for gerido a partir do Ministério das Finanças, então será sempre mal gerido, porque o ministro das Finanças não tem capacidade para tomar decisões que são importantes em cada sector”, defendeu a dirigente bloquista. “Esta forma de gestão (…) é uma forma não apenas errada do ponto de vista político, como causa ineficiências na própria gestão dos serviços públicos”, acrescentou.

Mariana Mortágua questionou ainda “por que é que não se contratam os médicos, porque é que não se fazem os investimentos” e “porque é que as despesas não são feitas”, havendo “folga orçamental para mais”.

Confrontada com os acordos sobre a descentralização e sobre os fundos comunitários assinados entre António Costa e Rui Rio, Mortágua defendeu que o gesto “não é inédito” e que “não trouxe bons resultados” no passado, mas reforçou a disponibilidade do Bloco para entrar nas discussões. “Acho que muitas vezes ficamos perdidos no xadrez partidário e esquecemos as coisas políticas de fundo”, lamentou a deputada.

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