Marcelo quer mais crescimento “para ser sustentável”

Presidente da República alerta para as mudanças na Europa nos próximos seis a nove meses. E elogia a relação de “complementaridade” que tem com o primeiro-ministro.

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A conversa decorria com cinco jovens de 25 anos que lhe preferiram chamar “professor” em vez de Presidente. O tom mais informal, de quem diz que depois de morrer vai passar muito tempo no “purgatório”, não impediu o Presidente da República de dar uma aula de política, sobretudo, deixando a ideia de que quer mais crescimento económico, porque é preciso que o país esteja preparado para a próxima crise.

“Eu acredito que nós vamos sustentar este crescimento – e deveria ser superior àquilo que é, porque é preciso uma margem para ser sustentável”, disse, referindo-se ao crescimento económico, que ronda os 2%, no encerramento do festival da revista Visão, para comemorar os 25 anos daquela publicação.

Marcelo Rebelo de Sousa avisa para as mudanças que se vão conhecer na Europa, sobretudo por causa do “Brexit”, mas também pela discussão do orçamento plurianual da União Europeia (UE). Numa semana em que o Governo acordou com o PSD o que será o posicionamento de Portugal na discussão sobre os fundos europeus, o que implica a defesa de um aumento do orçamento da UE, Marcelo sublinha que esse é um debate importante e de curto prazo.

“Na Europa temos muito pouco tempo, seis a nove meses, para tomar um conjunto de decisões que implicam sair do meio da ponte – que não é carne nem é peixe – e tomar decisões que passam pelo orçamento”, defendeu. “É importante para Portugal [o Orçamento] não ser reduzido. Imaginem que há um corte no Orçamento, o que vai ser cortado? Nas primeiras fatias, a política de coesão e a Política Agrícola Comum. Uma das economias para as quais isso é importante é Portugal”, notou.

Nas respostas aos jovens, o Presidente da República falou ainda ao de leve de outro tema em cima da mesa, a distribuição dos recursos. Para começar, na necessidade de crescimento económico. “Se houver mais crescimento, como eu espero que haja – e ao mesmo tempo que se trabalha para isso –, tem de se trabalhar na distribuição”, distribuição essa entre pessoas e territórios. Uma passagem ao de leve pelo tema do outro acordo assinado entre Governo e PSD, o da descentralização de competências.

Numa conversa mais descontraída e longa – “vá, já chega”, atirou uma das jovens no final, em tom humorado –, o Presidente acabou por se referir à relação que mantém com António Costa. “O primeiro-ministro é um optimista nato. Acorda, está a chover e diz ‘que lindo dia’, porque chove, limpa e, passadas as nuvens, fica bom tempo. Eu digo, ‘bom, pode ser que passe’”, disse . O recurso estilístico usado servia apenas para defender que há uma “complementaridade” entre os dois, que continua, garante: “Eu sei que ele vê melhor do que é; e ele sabe que eu vejo um pouco pior do que ele pensa”.

As revelações sobre o seu trabalho enquanto Presidente da República não se estenderam mais. Marcelo, ali sempre tratado por “professor”, disse que não queria comentar o trabalho que faz. E deixou uma alfinetada a Cavaco Silva. Memórias depois de sair da Presidência da República? “Não haverá.”  O chefe de Estado diz que adoptou algumas regras e uma delas passa por não comentar nem presidentes que o antecederam nem os sucessores. Cavaco Silva publicou um livro de memórias em 2017 no qual revelou alguns detalhes do trabalho enquanto Presidente.

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