Costa: “Fizemos bem em fazer as contas primeiro”

O líder do PS pediu ao partido que não seja “correia de transmissão” e que seja vivo em pensar o futuro do país no médio, longo prazo.

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LUSA/TIAGO PETINGA

O “militante 7783” do Partido Socialista vai apresentar-se a congresso para continuar a liderar o partido com uma moção focada naqueles que considera os quatro principais desafios da chamada “Geração 2030”, que dá nome à moção: o combate às desigualdades, as alterações climáticas, o desafio demográfico e a sociedade digital. António Costa quer seguir o mesmo processo que seguiu há três anos, mesmo que este tenha “dado trabalho a explicar” e trazido “alguns dissabores”, porque esse processo foi a chave do sucesso.

“Deu-nos muito trabalho a explicar, deu-nos alguns dissabores, mas foi uma base sólida que nos permitiu cumprir o que temos cumprido. Fizemos bem em fazer as contas primeiro, porque com contas certas podemos programar” o que se quer fazer, defendeu António Costa esta tarde em Torres Novas, num encontro preparatório da moção que vai levar ao congresso que se vai realizar na Batalha no mês que vem.

Desta vez, o primeiro-ministro, que discursou como secretário-geral do PS, quis fugir à espuma dos dias para explicar a “actualização” do pensamento estratégico do partido. “Não nos podemos consumir no dia-a-dia simplesmente”, disse depois de pedir ao partido que nos próximos dias 26 e 27 de Maio, no XXIII congresso do PS se entretenha menos a dizer que “o Governo é excelente” do que a defender o que deve ser feito “a médio, longo prazo”.

“Gostaria que o congresso se concentrasse no pensamento estratégico que temos de ter, porque é daí que nascem os programas para as europeias, para as regionais da Madeira, para as legislativas e autárquicas”, pediu para um auditório de militantes socialistas.

Num discurso virado para o partido, sem referência a estratégias governativas – ou seja, sem falar sobre soluções de Governo nem em compromissos à esquerda e à direita – António Costa quis apenas puxar pelos militantes: “É fundamental termos um partido vivo, em contacto com a sociedade, e não uma correia de transmissão”, defendeu.

Antes de António Costa, discursou Mariana Vieira da Silva, que coordena a moção ao congresso. Também a secretária de Estado adjunta do primeiro-ministro se focou no processo que levou António Costa à conquista do partido e aos resultados do Governo, lembrando a Agenda para a Década e o famoso cenário macroeconómico: “É muito tentador desvalorizar esse caminho, mas vale a pena lembrar a forma como foram apoucadas as políticas que apresentámos”, disse, lembrando que estas foram referidas como “irrealistas” e “cenários cor-de-rosa”. “Todos eles nos trouxeram ao momento de sucesso das nossas políticas que vivemos”, defendeu.

Durante a tarde, os socialistas debateram com alguns elementos da sociedade civil ideias sobre os quatro eixos que vão compor a moção que António Costa vai levar a congresso. O texto vai focar-se sobretudo nesses quatro temas.

Um dos pontos que vão constar, por certo, será a defesa da emigração. António Costa defendeu que é preciso romper com tabus e dizer que “não basta o aumento da natalidade; precisamos de atrair talento para viver em Portugal”.

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