União bancária é a maior prioridade a nível europeu

"A paciência é um ingrediente chave para uma implementação eficaz das reformas e o Estado é o principal fornecedor desse precioso bem", disse o ministro das Finanças em Harvard.

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LUSA/MIGUEL A. LOPES

O ministro das Finanças considerou na quarta-feira que a união bancária é a maior prioridade a nível europeu e que uma das tarefas mais difíceis ao chegar às Finanças foi recuperar o controlo do processo de assistência financeira.

No final de uma intervenção sobre a recuperação económica de Portugal, feita na noite passada na Universidade de Harvard, em Boston, Mário Centeno foi questionado sobre a maior prioridade para a reforma da zona euro, e respondeu que o mais importante era "complementar a união bancária".

O ministro e também presidente do Eurogrupo acrescentou que "ainda há muitas coisas a implementar" e reconheceu que a união bancária "por si própria não resolve tudo, e deverá precisar de uma implementação faseada".

Na sessão, que decorreu no Centro de Estudos Europeus da conhecida universidade norte-americana com o título A recuperação Económica de Portugal: de doente a exemplo [Portugal's Economic Recovery: From Sick Man to Poster Boy, no original], Mário Centeno passou em revista os principais indicadores macroeconómicos recentes.

O ministro fez uma comparação com os números do período de assistência financeira e argumentou que uma das tarefas mais difíceis, mas também mais eficazes, ao chegar ao Ministério das Finanças, foi recuperar o controlo do processo de ajustamento.

Questionado sobre que conselhos daria à Grécia, o ministro das Finanças respondeu com a palavra ownership, significando posse ou controlo, e explicou: "Recuperar o controlo do processo é a única maneira de mostrar que há alternativas sobre o que está em cima da mesa".

Na intervenção feita para uma plateia académica, com várias perguntas a serem feitas por portugueses, Mário Centeno defendeu a paciência como uma virtude essencial em política, por oposição ao populismo.

"A paciência é um ingrediente chave para uma implementação eficaz das reformas e o Estado é o principal fornecedor desse precioso bem", disse o ministro, para concluir que "reganhar competitividade requer paciência".

Noutra pergunta, que pediu um comentário às acções políticas do Governo liderado por Pedro Passos Coelho e Paulo Portas durante o período de ajustamento financeiro, Mário Centeno respondeu: "Para ser perfeitamente honesto, penso que as expectativas foram mal geridas, houve um sentimento de austeridade que não foi transferido para as decisões tomadas em modo de pânico".

O ministro das Finanças viaja nesta quinta-feira de Boston para Washington, onde vai intervir num painel sobre a reforma da zona euro, nos Encontros da Primavera, do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, antes de uma palestra no Atlantic Council com o título Completando o Projecto Europeu.

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