Rui Rio "não enganou ninguém", lembra Santana

Na terça-feira, na SIC Notícias, Santana Lopes comentou o afastamento em relação a Rui Rio. Esta manhã, na TSF, falou sobre os acordos do PSD com o Governo. Luís Montenegro também falou sobre o assunto.

Foto
Santana e Rio estão afastados Miguel Manso

Não há coincidências. Pedro Santana Lopes entrou esta quarta-feira em directo no Fórum TSF e não foi para fazer publicidade ao livro de Margarida Rebelo Pinto, editado pela primeira vez no ano 2000. "Não há coincidências. Acordos entre PSD e Governo podem mudar xadrez político", disse o ex-adversário de Rui Rio na corrida à liderança do PSD.

"Os portugueses gostam de acordos e de quem demonstra capacidade de os fazer. Não acho que isso faça mal ao partido", disse Santana Lopes, recordando que esta aproximação entre Rio e Costa foi sobejamente discutida durante a campanha interna. "Ele não enganou ninguém", garantiu. Ainda assim, "passar de uma liderança fortemente contestatária do PS para uma liderança com uma paz relativa com o PS é um salto complexo", referiu.

Na noite de terça-feira, na SIC Notícias, Santana Lopes já havia comentado o seu afastamento em relação a Rio. “Não temos trabalhado. Não tem acontecido nada em conjunto. A realidade é essa. Não se pode chamar ruptura àquilo que não foi entrelaçado ou casado, se quiser”, afirmou.

Mas se na televisão Santana deixou de fora a questão dos acordos, na rádio retomou-a e não deixou de elogiar o passo dado. "Merece ser saudado sempre que os dois maiores partidos são capazes de se entender sobre matérias relevantes", assumiu o social-democrata.

Santana Lopes comentou ainda a curiosidade que é o facto de esta "aproximação política" entre PS e PSD coincidir "com um tempo em que há reservas da maioria de esquerda em relação às opções do Governo", nomeadamente em matéria de Programa de Estabilidade. E deixou um aviso: "Com certeza que sim, isto pode mudar as linhas de funcionamento do sistema político. Há sinais nesse sentido".

Santana defendeu que, em matéria de descentralização, ainda não está claro se o acordo também envolverá a lei das finanças locais - ponto importante. "É que descentralizar competências sem que isso seja acompanhado por um envelope financeiro não faz sentido", disse. 

Montenegro também comenta acordos

Já na rubrica Almoços Grátis, também na TSF, Luís Montenegro disse que este acordo entre PSD e PS é de curtíssima duração. "O PS está a fazer o caminho de recentramento à boleia do PSD", alertou o antigo líder parlamentar social-democrata, questionando-se sobre os objectivos do PSD relativamente aos acordos e chamando a atenção para os perigos de o partido ser percepcionado como "muleta" do Governo.

"Não sabemos o que o PSD pôs no acordo", concluiu Luís Montenegro. O agora comentador da TSF e da TVI sugeriu a Rui Rio que exija o mesmo posicionamento do PS em temas mais caros ao PSD, como é o caso da Segurança Social. 

A questão levantada por Luís Montenegro sobre as incógnitas dos acordos parece revelar as dúvidas que existem no interior do próprio grupo parlamentar do PSD. Entre os deputados sociais-democratas há um certo desconforto pelo facto de os acordos não terem sido dados a conhecer à bancada, tendo sido negociados exclusivamente fora do Parlamento.

Sugerir correcção
Comentar