Regulador da comunicação social abre investigação ao canal russo RT

Em causa está a cobertura do caso Skripal e dos ataques à Síria por parte do órgão russo, frequentemente acusado de ser um veículo de propaganda internacional do Kremlin.

Foto
LUSA/YURI KOCHETKOV

O organismo regulador da comunicação social no Reino Unido, o Ofcom, anunciou esta quarta-feira que abriu sete processos de investigação à "imparcialidade" do canal RT News, órgão financiado pelo Estado russo. Em causa está a cobertura do caso Skripal — a tentativa de homicídio do ex-espião russo e da sua filha através de envenenamento com um agente neurotóxico.

Serguei Skripal, de 66 anos, e a filha, Iulia, de 33 anos, continuam a recuperar do ataque depois de terem sido encontrados inconscientes, a 4 de Março, num banco de um centro comercial em Salisbury, a 4 de Março.

"Desde os acontecimentos de Salisbury, observámos um aumento significativo do número de programas no canal RT que merecem uma investigação sobre possíveis violações do código de radiodifusão do Ofcom", anunciou o regulador. O Ofcom está ainda a analisar a cobertura noticiosa do canal aos recentes ataques aliados à Síria.

O órgão russo nega qualquer acusação. “A nossa cobertura e posição editorial não se alterou desde os eventos em Salisbury e vamos discutir este assunto directamente com o regulador”, assegurou uma das porta-vozes do canal, citada pela Reuters.

O resultado das investigações pode levar à aplicação de multas ou à proibição da emissão da RT News e RT Europe no Reino Unido. De Moscovo, entretanto, já chegaram avisos contra eventuais sanções. A Rússia avisa que toda a comunicação social britânica será expulsa do país, incluindo a BBC, disse à Interfax uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.

Ao longo dos últimos anos, os dois países têm trocado acusações relativamente ao trabalho dos seus respectivos órgãos noticiosos. Enquanto, no Reino Unido, diversas vozes acusam a RT de ser um mero veículo de propaganda, Moscovo argumenta que o canal é um meio para contestar o domínio ocidental da imprensa internacional.

Sugerir correcção
Ler 32 comentários