Che ainda mira a América Latina a partir de Santa Clara

A cidade histórica é também o local onde começou a carreira política de Miguel Días-Canel.

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Em Santa Clara está uma estátua de bronze de Che Guevara com mais de seis metros de altura Adriano Miranda

“Vieram visitar o mausoléu do Che?”, é a primeira pergunta de todos os residentes de Santa Clara que se esforçam por interpretar o interesse dos jornalistas estrangeiros em visitar a cidade, no centro da ilha de Cuba, onde cresceu e estudou, e onde começou a carreira política de Miguel Días-Canel, o delfim de Raúl Castro e próximo Presidente do país. Parece ponto assente que o monumento onde estão depositados os restos mortais do guerrilheiro argentino que assumiu um papel preponderante na revolução, é o único ponto de interesse na cidade, e paragem obrigatória de todos os turistas e viajantes que raramente se demoram em Santa Clara.

Ernesto Che Guevara foi morto na Bolívia em Outubro de 1967, e o seu cadáver demorou 30 anos a ser devolvido. Reclamado por Cuba, foi homenageado por Fidel Castro com um imponente monumento em Santa Clara, a cidade que Che conquistou graças a um arriscado plano que começou com a sabotagem e descarrilamento de um comboio militar. A batalha é considerada como o momento derradeiro e decisivo da revolução — o “libertador” Che Guevara é o herói de Santa Clara, de onde continua a mirar a América Latina numa estátua em bronze de mais de seis metros de altura.

Yusmani Díaz, membro das forças especiais do Exército cubano, estava de serviço no dia em que os restos de Che regressaram a Santa Clara, em cortejo. Depois de visitar o museu e acender a chama eterna dedicada a Che, Fidel desceu as escadas e no caminho para a praça tropeçou, caiu e partiu uma perna. “No meu posto de guarda ao reservatório de água, fora da cidade, ouvia-se o barulho da multidão, como uma onda. De repente, fez-se um silêncio total. Ninguém respirava. Pouco depois, as sirenes”, lembra. A caminho do hospital, Fidel dirigiu-se por telefone à população que se mantinha concentrada em frente ao mausoléu. “O comandante disse-lhes que não se preocupassem, que estava tudo bem”, recorda Díaz, informando que hoje o local continua a encher de gente ao fim do dia, por ser ali que o sinal de wi-fi é mais forte.

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