Mais défice em 2018 do que previsto pelo Governo e excedentes só em 2023

O saldo vai manter-se negativo até 2023, de acordo com as estimativas do Fundo Monetário Internacional, bem menos optimistas do que as do Governo.

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Christine Lagarde, líder do Fundo Monetário Internacional Yuri Gripas

O FMI estima um défice de 1% do PIB este ano em Portugal e que o saldo se mantenha negativo até 2023, ao contrário do Governo português, que prevê apresentar um défice perto de zero já em 2019.

No Fiscal Monitor, relatório com as previsões orçamentais do mundo, o Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou ligeiramente a estimativa para o défice orçamental português deste ano para 1% do PIB, face aos 1,1% que tinha antecipado em Fevereiro. Apesar de ter melhorado a estimativa do défice de 2018, o Fundo prevê um défice superior em 0,3 pontos percentuais perante o assumido pelo Governo no Programa de Estabilidade entregue à Assembleia da República na sexta-feira.

As projecções referentes a Portugal, que são coordenadas pelo ex-ministro das Finanças Vítor Gaspar –agora director do FMI –, baseiam-se no Orçamento do Estado para 2018 (OE 2018) e foram "ajustadas para reflectir as previsões macroeconómicas" do Fundo.

Na terça-feira, a instituição liderada por Christine Lagarde mostrou-se ligeiramente mais optimista para 2018, esperando mais crescimento económico (2,4%) e menos desemprego (taxa de 7,3%) do que o Governo. No Programa de Estabilidade, o executivo antecipa um crescimento económico de 2,3% este ano e uma taxa de desemprego de 7,6%.

As estimativas orçamentais do FMI até 2023 são também menos optimistas do que as do executivo liderado por António Costa. No Programa de Estabilidade, o Governo compromete-se com um défice orçamental próximo de zero (0,2% do PIB) já em 2019, último ano de legislatura e ano de eleições europeias e legislativas. A partir daí, são esperados excedentes orçamentais que crescem todos os anos: 0,7% do PIB em 2020, 1,4% em 2021 e 1,3% em 2022.

No entanto, o FMI – que tem como base um cenário de políticas invariantes para os próximos anos – não só não acredita em excedentes orçamentais até 2023, como considera que até esse ano o défice continuará mais perto de 1% do que de zero.

No Fiscal Monitor, o Fundo estima que Portugal tenha um défice orçamental de 0,9% em 2019, de 0,8% em 2020, de 0,7% em 2021 e de 0,6% em 2022 e em 2023. O saldo primário, que exclui os encargos com a dívida pública, vai manter-se acima dos 2% neste período de previsões, segundo o FMI: 2,3% em 2018 e em 2019, 2,2% em 2020 e em 2021 e 2,1% em 2022 e 2023.

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