A rapidez das unhas

Ter de cortar as unhas mostra que a esperteza que Darwin atribuiu às espécies - a evolução - é duma lentidão de arrancar os cabelos.

Se o corpo humano fosse o milagre que se diz não seria preciso a constante chatice de cortar as unhas. Ter de cortar as unhas mostra que a esperteza que Darwin atribuiu às espécies - a evolução - é duma lentidão de arrancar os cabelos.

Para que é que precisamos de unhas mais compridas? Qual foi a última vez que usámos as unhas para caçar ou para arranhar a cara dum adversário ou para subir uma árvore?

Vai-se à Internet e garantem-nos que as unhas crescem muito devagar. É mentira. Em Londres fui fazer uma pedicure num salão de luxo e ganhei uma infecção horrível no dedo grande. Toda a gente sabe que as cutículas - a que o povo, sublime, chama "peles" - protegem as unhas das más bactérias. Mas mal apanham uma oportunidade é zás-traz-corta-e-puxa que elas têm é de vir cá para fora. Será vingança?

Há melhor metáfora para a brevidade e estupidez da vida do que infectar uma unha depois de cortá-la? Pense-se no tempo e na despesa duma manicure e considerem-se os preparativos essenciais para quem quer adoptar um panarício.

 

As unhas compridas não servem para nada - a não ser coleccionar fuligem. Basta descascar uma batata para ficar com as unhas dum mineiro. As unhas transformam o próprio oxigénio em bicos de lápis. Se tem as unhas soltas agite as mãos no ar durante cinco minutos. Agora olhe para elas: estão pretas.

Dizem que a rapidez das unhas é sinal de saúde. Será por isso que os mortos têm unhas tão compridas? Ou foram os dedos que encolheram? Viver é mau mas morrer é pior.

 

 

 

 

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