Serviços secretos voltam a deter politólogo lusodescendente

Filho de um antigo cônsul de Portugal em Caracas, Vasco da Costa, de 58 anos, foi acusado de associação terrorista contra o Governo de Nicolás Maduro.

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Protesto contra o Governo do Presidente Nicolás Maduro em Fevereiro de 2014 Reuters/JORGE SILVA

A irmã do politólogo lusodescendente Vasco da Costa afirmou que agentes dos serviços secretos da Venezuela detiveram novamente, na segunda-feira, o irmão, que já tinha estado detido entre Julho e Outubro de 2014.

De acordo com Ana Maria da Costa, um grupo de 30 agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência (SEBIN), "vestidos de comando e com espingardas", arrombou a porta, espancou o irmão e destruiu a casa. "Foi horrível. Vieram à minha casa, espancaram todos e o Vasco. Destruíram a minha casa e levaram o Vasco", declarou à Lusa Ana Maria da Costa. Depois, foram "à casa dos vizinhos, que também espancaram e destruíram a casa", afirmou.

Em 2014, o lusodescendente foi acusado de estar relacionado com uma farmacêutica alegadamente envolvida em planos para fabricar engenhos explosivos artesanais, durante os violentos protestos ocorridos naquela altura contra o Governo do Presidente Nicolás Maduro. Segundo a irmã, Vasco da Costa foi acusado dos crimes de terrorismo, associação para cometer delito com fins de terrorismo, fabrico ilegal de explosivos para fins terroristas e ocultação de munições. Ana Maria da Costa acrescentou não esperar "nada do Governo português, porque não se importa". Por outro lado, explicou que Vasco da Costa faz parte do Movimento Nacionalista "e o Governo [venezuelano], por intolerância, quer acusá-lo outra vez de terrorismo, sem provas, porque eles não encontraram absolutamente nada".

Ana Maria da Costa denunciou ainda que os funcionários "levaram toda a comida que tinha comprado, farinha de milho, feijão, arroz e até flocos de milho". "Levaram os talheres de prata, roubaram os dois computadores e destruíram o sítio onde eu trabalho. Eles não querem gente que fale, querem que todos estejam calados, mas não nos calaremos. Vamos dizer a nossa verdade até ao final e não vamos parar por isto", frisou. "É horrível, é a mesma história outra vez. Evidentemente que neste momento não me sinto bem, foi duro ver como maltratavam [as pessoas], e diziam 'calem-se que isto é segurança de Estado, foi uma ordem presidencial'", afirmou.

Durante o tempo que Vasco da Costa esteve preso, em 2014, a irmã insistiu sempre tratar-se de "uma injustiça", referindo que "noutros casos há acções violentas (...) mas neste caso não havia absolutamente nada, nem terroristas, nem bombas, nem podia haver associação para cometer delito". Em Dezembro de 2015, o lusodescendente foi ferido com balas de borracha num motim ocorrido no Centro de Reclusão para Processados Judiciais 26 de Julho, onde então se encontrava. Pelo menos três pessoas morreram e 43 ficaram feridas no motim.

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