Há 13 épocas que não havia luta a quatro até tão perto do fim
FC Porto, Benfica, Sporting e Sp. Braga mantêm hipóteses matemáticas de vencerem a I Liga. Nunca houve um 3.º e um 4.º classificados tão fortes na “era dos três pontos” por vitória.
Pela terceira vez neste século, quatro equipas partem para as últimas quatro jornadas da principal divisão do futebol português com hipóteses matemáticas de vencerem a I Liga. Com a derrota do Benfica no clássico frente aos “dragões”, há agora apenas oito pontos a separar o primeiro (FC Porto) do quarto classificado (Sp. Braga). O equilíbrio na luta pela vitória no campeonato nacional ganha maior relevância por acontecer numa época em que pode ser igualado o recorde de pontuação na prova: se o FC Porto vencer os últimos quatro jogos, totaliza 88 pontos, máximo fixado pelo Benfica de Rui Vitória, em 2015-16.
Um quarteto com hipóteses matemáticas de vencer a I Liga a quatro jornadas do final do campeonato é um acontecimento pouco comum. Neste século, apenas aconteceu em 2004-05, quando seis clubes (Benfica, Sporting, FC Porto, Sp. Braga, Boavista e V. Guimarães) se encontravam separados por 11 pontos, ou em 2001-02, quando sportinguistas e boavisteiros lutavam ombro a ombro pelo título, com portistas e benfiquistas a 11 pontos da liderança. Porém, desta vez, a competitividade no topo da prova não está directamente relacionada a um enfraquecimento de um ou mais clubes “grandes”: desde que em 1995-96 as vitórias passaram a valer três pontos, nunca houve um terceiro e um quarto classificados tão fortes.
Em 2001-02, o líder à 30.ª jornada era o Sporting, com 67 pontos e, três épocas depois, o Benfica liderava a classificação ao fim do mesmo número de partidas, com 58 pontos. Os pontos somados pelo quarto classificado (Sp. Braga) nesta temporada, nas mesmas 30 jornadas, dariam a liderança nesses dois campeonatos e a equipa treinada por Abel Ferreira já tem uma pontuação superior a qualquer outro quarto classificado na conclusão de um campeonato na “era dos três pontos”: o Boavista, com 65 pontos, tinha estabelecido o anterior máximo, em 1995-96. Olhando para os números do Sporting de Jorge Jesus, conclui-se que nunca houve um terceiro classificado com 71 pontos na 30.ª jornada — 66 pontos, também dos “leões”, era o anterior melhor registo —, e se os sportinguistas conseguirem seis pontos nos derradeiros quatro jogos, superam o melhor registo alcançado por uma equipa que terminou um campeonato com 18 clubes no último lugar do pódio.
Quanto aos dois primeiros, com a derrota no fim-de-semana o Benfica perdeu a oportunidade de concluir o campeonato com 89 pontos, o que seria um novo recorde, mas se Sérgio Conceição vencer as últimas quatro partidas, totaliza 88 pontos, e iguala o máximo fixado pelo Benfica de Rui Vitória em 2015-16. Com 12 pontos em disputa, o melhor que os “encarnados” podem agora ambicionar é concluir o campeonato com 86, a mesma pontuação alcançada pelo melhor vice-campeão de sempre: o Sporting de Jorge Jesus, em 2015-16.
Para igualar o recorde do Benfica, o FC Porto precisa de vencer todos os jogos, mas para Sérgio Conceição a primeira meta nos quatro jogos que faltam é conquistar os dez pontos que garantem o título e impedem o pentacampeonato aos “encarnados”. E o cenário que os portistas têm pela frente não faz antever um passeio. Os “dragões” recebem duas equipas que estão na luta pela permanência (V. Setúbal e Feirense) e têm duas deslocações de alto risco: Marítimo e V. Guimarães. Nas últimas quatro épocas, os portistas não conseguiram vencer no Funchal (dois empates e duas derrotas) e apenas por uma vez saíram vencedores da cidade vimaranense.
Para o Benfica, a margem de manobra é quase nula. A precisar que o FC Porto perca pelo menos três pontos para ter hipóteses de chegar ao “penta”, a equipa de Rui Vitória terá pela frente três rivais contra quem soma por vitórias os jogos disputados nas últimas quatro temporadas: Estoril (fora); Tondela e Moreirense (casa). O maior obstáculo, porém, será na penúltima jornada, com a deslocação a Alvalade, onde o Benfica empatou três dos últimos quatro confrontos com o Sporting.
Para além do derby lisboeta na 33.ª jornada, duelo que não só pode revelar-se decisivo para a atribuição do título como também pode definir quem fica no segundo lugar, a última posição que permite disputar os milhões da Liga dos Campeões, o Sporting terá que medir forças com duas equipas tranquilas — Boavista (casa) e Portimonense (fora) —, mas terá a fechar uma difícil deslocação à Madeira, para defrontar o Marítimo.
Ainda na luta, o Sp. Braga recebe o Marítimo e o Boavista, mas terá duas deslocações que se antevêem muito complicadas: Belenenses e Rio Ave.