Pedro Almodóvar volta a trabalhar com Banderas e Penélope Cruz

Dolor y Gloria é o título anunciado da sua 21.ª longa-metragem, cuja rodagem começará em Julho.

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Pedro Almodóvar com Antonio Banderas e Penélope Cruz em Los Angeles, em 2000, com o Óscar relativo a Tudo Sobre a Minha Mãe Mike Blake/REUTERS

Há já quem fale em obra de despedida ou, no mínimo, em revisão autobiográfica da carreira: Pedro Almodóvar, 68 anos, anunciou a realização de um novo filme, a sua 21.ª longa-metragem, com o título Dolor y Gloria, e cuja rodagem deverá iniciar-se na primeira quinzena de Julho.

Será uma espécie de reunião familiar com o regresso ao plateau do realizador castelhano de actores com quem tem vindo a trabalhar ao longo de uma carreira iniciada na década de 70, e que conta já mais de três dezenas e meia de títulos.

Antonio Banderas e Penélope Cruz são os nomes mais imediatamente reconhecíveis, mas no elenco do seu próximo trabalho Almodóvar anunciou também a presença de Asier Etxeandía – será, de resto, “um filme com protagonistas masculinos”, ao contrário do anterior Julieta (2016) – e de Julieta Serrano, outra actriz que diz “adorar” no comunicado da sua produtora El Deseo, em que anuncia a preparação de Dolor y Gloria.

A nova longa-metragem vai narrar “uma série de desencontros, alguns reais e outros relembrados passadas décadas, de um realizador já no ocaso da sua carreira”, revela o realizador de Em Carne Viva (1997). Falará sobre “os primeiros amores, os segundos amores, a mãe, a mortalidade”, mas também sobre “um actor com quem ele [o cineasta] trabalhou”, e sobre “os anos 60, os anos 80, a actualidade e o vazio perante a impossibilidade de continuar a filmar”.

Almodóvar – Óscares de melhor filme estrangeiro com Tudo Sobre a Minha Mãe (1999) e de melhor realizador com Fala Com Ela (2002) – diz ainda que Dolor y Gloria falará “da criação, cinematográfica e teatral, e da dificuldade de separar essa criação da própria vida”.

À falta de mais informação sobre o projecto, cumpre lembrar que a carreira de Antonio Banderas – certamente o protagonista do novo filme, ao lado de Etxeandía, que chegou a integrar o elenco de Abraços Desfeitos (2009), mas só aparece na versão em DVD, como revela a Vanity Fair – tem várias intercepções com a de Almodóvar, com quem, de resto, se iniciou no cinema em 1982, em Labirinto de Paixões. Continuou depois com Matador (1986), a trilogia sequencial A Lei do Desejo (1987), Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988) e Ata-me! (1989), e esteve também nos mais recentes A Pele Onde Eu Vivo (2011) e – com uma pequena aparição – Os Amantes Passageiros (2013).

Para Penélope Cruz, desta vez, parece estar reservada uma pequena participação – ao lado de Julieta Serrana, “duas personagens secundárias essenciais”, realça o realizador. Mas a actriz que foi distinguida com um Óscar de actriz secundária em Vicky Cristina Barcelona (Woody Allen, 2008) é também uma presença forte no cinema de Almodóvar. Esteve em Em Carne Viva, Tudo Sobre a Minha Mãe (1999), Voltar (2006 – que lhe valeu também a nomeação para o Óscar de melhor actriz) e Abraços Desfeitos, além, também, do breve cameo com Banderas em Os Amantes Passageiros.

Já Julieta Serrano entrou na galeria de mulheres almodovarianas logo em Negros Hábitos (1983), seguindo-se Matador e Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos.

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