Lançamento de “caçador” de exoplanetas adiado para quarta-feira

A empresa americana Space X decidiu adiar o lançamento do telescópio da agência espacial norte-americana NASA para análises adicionais no foguetão Falcon 9 que o vai transportar.

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O telescópio TESS NASA/GSFC

O lançamento do TESS (sigla em inglês para Transiting Exoplanet Survey Satellite, ou Satélite para Levantamento de Exoplanetas em Trânsito) foi adiado para a próxima quarta-feira. Apesar de a NASA assegurar que o telescópio está pronto para descolar, a decisão de adiar a sua partida foi tomada pela SpaceX, a empresa do empresário Elon Musk, que possui o foguetão Flacon 9 que vai transportar o TESS. Segundo um comunicado, a Space X considerou que era necessário fazer análises adicionais de “orientação, navegação e sistemas do controlo” no foguetão.

O mais recente instrumento da agência espacial norte-americana NASA para a investigação astrofísica deveria ter descolado da base da Força Aérea do Cabo Canaveral, na Florida, EUA, esta segunda-feira, a bordo do Falcon 9 da SpaceX. O TESS é o sucessor do célebre telescópio espacial Kepler e tem como missão principal detectar mais planetas semelhantes à Terra noutros sistemas solares. E há mais de uma dezena de cientistas portugueses do Instituto de Astrofísica (IA) envolvidos nesta aventura que procura sinais de vida distantes de nós. Margarida Cunha, investigadora do IA e da Universidade do Porto, e membro executivo do Consórcio de Ciência Asterossísmica do TESS, era uma das muitas pessoas que se preparava para assistir a este momento quando ontem (segunda-feira) falou com o PÚBLICO ao início do dia. 

No entanto, poucas horas antes do lançamento previsto para as 23h32 de Portugal continental, a empresa de Elon Musk anunciou a decisão de adiar esta partida que ficou agora agendada para as 23h51 de quarta-feira. Se desta vez tudo correr bem, será depois preciso esperar cerca de dois meses para testes dos instrumentos do telescópio e pela viagem até à órbita terrestre. Só no final deste ano é que serão recebidos os primeiros dados sobre estrelas brilhantes e os planetas ao seu redor. “Uma das grandes vantagens em relação à missão anterior [do telescópio Kepler, também da NASA] é que este vai procurar planetas em torno de estrelas brilhantes”, refere Margarida Cunha.

O antecessor de TESS terá ajudado a descobrir grande parte dos 3700 exoplanetas documentados durante os últimos 20 anos e está prestes a ficar sem combustível. Agora, explica Margarida Cunha, a expectativa dos cientistas envolvidas nesta missão de dois anos é que o TESS olhe para “mais de 200 mil estrelas, registe entre 1500 e 2000 trânsitos e ajude a confirmar a existência de cerca de 500 exoplanetas do tamanho da Terra ou superior (super-Terras) em zonas consideradas habitáveis, a uma distância da sua estrela que torna possível encontrar água em estado líquido”.

O equipamento com asas de painéis solares está equipado com câmaras especiais (quatro câmaras CCD de grande campo, com 16,8 megapixéis cada), capazes de rastrear 85% do céu com um método de detecção chamado fotometria de trânsito, que procura quedas periódicas e repetitivas na luz visível das estrelas causadas por planetas que passam à sua frente.

Por mais que se esteja a tornar cada vez mais frequentes, há sempre imprevistos e riscos nesta complexas operações que envolvem o lançamento de um satélite. Agora, resta esperar que quarta-feira tudo corra bem e o TESS inicie a sua viagem, com dois dias de atraso, que oficialmente terá a duração de dois anos. 

No primeiro ano da missão será observado o hemisfério Sul e no segundo ano o hemisfério Norte, com o telescópio a concentrar-se em planetas que orbitam estrelas próximas da Terra, a menos de 300 anos-luz de distância, e 30 a 100 vezes mais brilhantes do que as estrelas-alvo do Kepler. A aventura custará à NASA 337 milhões de dólares (mais de 270 milhões de euros). 

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